Queria honrar as suas raízes e a história do seu avô — nem mais, nem menos do que Bob Marley. O músico Joseph Mersa Marley, neto do jamaicano e filho de Stephen Marley, morreu aos 31 anos, confirmou um representante do artista à revista Rolling Stone, nesta terça-feira. Não foi avançada a causa oficial da morte de Marley.
A notícia da morte do jovem foi, em primeiro lugar, avançada nas redes socais pela rádio de música caribenha WZPP, que deu conta de que o cantor foi encontrado morto no seu veículo e não terá resistido a um ataque de asma. A equipa do cantor não confirmou os detalhes, nem respondeu a quaisquer pedidos adicionais de comentários.
Apesar de ter nascido na Jamaica, em 1991, foi nos Estados Unidos, para onde a família se mudou quando tinha 11 anos, que Jo Mersa cresceu. A música marcou a infância e juventude de Marley, que, não só cresceu rodeado do legado deixado pelo avô, como acompanhou o percurso do pai e dos tios Ziggy, Sharon e Cadella, que seguiram as pisadas de Bob Marley.
Depois de, em criança, ter sido incumbido de cantar com a família êxitos como Look who’s dancing, como recordou numa entrevista à revista de música em 2014, também Jo Mersa começou a escrever as suas próprias canções na adolescência. De acordo com o TMZ, estudou engenharia de áudio na Miami Dade College.
Em 2010, lançou a primeira canção, My girl, em colaboração com Daniel Bambaata. O álbum a solo seria lançado quatro anos depois e intitula-se Comfortable. Chegou, ainda, a envolver-se nos projectos da família e, em 2016, lançou um single com o pai, Revelation Party. Não faltariam também colaborações de raggae com vários artistas e a música Burn it down com Yohan Marley conta com mais de três milhões de visualizações.
Crescer entre harmonias e melodias, contou na mesma entrevista, foi algo de “mágico”: ver como as pessoas se juntavam e o “processo de trabalho” acontecia. “Chegava a casa e tentava fazer os meus trabalhos da escola, mas acaba sempre por me distrair e a ir ao estúdio espreitar. Queríamos sempre entrar e sair para ver o que estava o que estava a acontecer”, recorda.
Noutra entrevista, ao site Reggaeville, recordou o avô, que morreu, em 1981, com apenas 36 anos, vítima de cancro da pele. Jo Mersa disse que a família nunca esquecia o artista de No woman, no cry e estava constantemente a partilhar memórias em comum. “Falamos sempre sobre o papel que ele representou não só enquanto membro da família e pai, mas também no mundo, com o impacte que teve na comunidade do raggae e na cultura, ao tornar pública a mensagem rastafári e de amor”, partilhou então, em 2021.
Não tardou até que o primeiro-ministro jamaicano, Andrew Holness, reagisse à morte de Jo Mersa, no Twitter, mandando as suas condolências à família Marley. “É uma enorme perda para a música, enquanto olhamos para a próxima geração”, escreveu, deixando também uma mensagem de alento para a comunidade do raggae.
Também o político jamaicano Mark J. Golding, líder da oposição naquele país e presidente do Partido Nacional das Pessoas, lamentou a morte de Marley na mesma rede social: “Acabei de saber da trágica perda de Joseph “Jo Mersa” Marley. Um talentoso e jovem artista de raggae, filho de Stephen Marley e neto de Bob Marley, com apenas 31 anos. A morte de um filho é um golpe devastador que nenhum pai deve enfrentar.”
Jo Mersa era casado com Qiara de quem teve uma filha, Sunshine, com 6 anos. Na sua conta de Instagram, era comum partilhar fotografias da mulher e da menina.