Prestação média dos novos empréstimos à habitação atinge máximo de 507 euros

Taxa de juro do conjunto dos contratos de crédito subiu em Novembro para máximo em 10 anos, nos 1,597%.

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Empréstimos à habitação mais recentes com taxas de juro bem mais elevadas Miguel Manso

A recente subida das taxas Euribor está a chegar, de forma gradual, aos contratos de crédito à habitação, movimento que se deverá acentuar nos próximos meses. Em Novembro, a taxa implícita do conjunto dos contratos subiu 26,9 pontos base face a Outubro, para 1,597%, o valor mais elevado desde Dezembro de 2012.

Nos contratos realizados nos últimos três meses, neste caso entre Agosto e Outubro, o impacto da subida das taxas é maior, de 31,8 pontos-base, fixando-se em 2,372%, face ao mês anterior.

Os dados divulgados nesta quinta-feira pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) revelam que o valor médio da prestação dos contratos mais recentes aumentou 18 euros em Novembro, para 507 euros, correspondendo ao “valor mais elevado da série disponível”.

Outro dado relevante nos novos contratos é a queda ligeira do montante médio em dívida, que contrasta com o aumento expressivo no conjunto da carteira de crédito. Nos contratos celebrados nos últimos três meses, o montante médio em dívida foi de 129.164 euros, menos 1464 euros do que em Outubro. Já na totalidade dos contratos subiu 250 euros face ao mês anterior, fixando-se em 61.763 euros.

A explicação para estes dados está na diminuição do valor dos novos empréstimos, consequência da subida das taxas de juro, que limitam o montante que os bancos podem emprestar, mas também em alguma retracção dos consumidores face à actual conjuntura.

O aumento do capital em dívida no conjunto dos contratos é explicado, em grande parte, pelo aumento da componente de juros e a redução do capital amortizado, mas também pelo peso dos novos contratos, habitualmente de valor bem mais elevado. Esta é a consequência menos visível da subida das taxas de juro, porque as atenções se concentram na subida global das prestações e menos na sua decomposição.

A evolução do valor médio da prestação mostra isso mesmo. Em Novembro, a prestação subiu nove euros, para 288 euros, valor mais elevado desde Maio de 2009, avança o INE. E, deste valor, 83 euros (29%) correspondem a pagamento de juros e 205 euros (71%) a capital amortizado.

A alteração do peso das duas componentes é visível na comparação com Novembro de 2021, em que a componente de juros representava apenas 16% da prestação.

As taxas implícitas acompanham a evolução das Euribor, que não têm parado de subir nos últimos meses e que estão presentes em cerca de 90% dos contratos, mas também as taxas fixas, que praticamente já duplicaram de valor.

Nesta quinta-feira, as Euribor fixaram novos máximos desde Janeiro de 2009. A de três meses subiu para 2,125%, a de seis meses para 2,696%, e a de 12 meses para 3,192%.

As taxas fixadas diariamente no mercado interbancário vão chegando aos empréstimos existentes à medida que estes vão sendo revistos, o que ocorre a cada três, seis ou 12 meses, conforme o prazo da taxa utilizada no momento da contratação.

A forma gradual como este processo decorre explica que as taxas Euribor se encontrem em máximos de 2009 e as implícitas no valor mais alto desde 2012.

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