Hospitais a rebentar pelas costuras na Alemanha com mistura de covid, gripe e VSR
Aumento de casos de vírus sincicial respiratório, gripe e covid-19 levam a problemas no sistema de saúde em geral, com muitos profissionais hospitalares também doentes.
Na Alemanha, há regiões com hospitais cheios, com menos camas em unidades de cuidados intensivos do que durante a pandemia da covid-19, segundo o médico de medicina interna e cuidados intensivos do Hospital de Colónia-Merheim Christian Karagiannidis, que faz parte do grupo de peritos que aconselhou o governo sobre a covid.
“Está tudo realmente cheio”, desabafou o médico à televisão pública ZDF, num debate no final da semana passada, sobre o estado das unidades hospitalares no estado da Renânia do Norte-Vestefália. Uma combinação do vírus sincicial respiratório (VSR), que levou ao limite os hospitais pediátricos, e da gripe e covid-19 está a causar problemas ao sistema em geral – na semana passada, o hospital Charité, em Berlim, anunciou que iria suspender cirurgias programadas para atender a casos destes vírus respiratórios.
Na segunda-feira, Gerald Gass, da associação de hospitais DKG, disse que a situação “dramática” das unidades de saúde infantis estava também a registar-se nos outros serviços de saúde. Parte do problema é a falta de pessoal, mas esta questão antiga é agudizada pelo facto de haver um grande número de doentes entre o pessoal hospitalar, declarou ao jornal Augsburger Allgemeine.
Gass estima que, em média, uma em cada dez pessoas que trabalha nos hospitais está doente (média semelhante à que o Instituto Robert Koch estima para a população alemã: cerca de 9 milhões estarão actualmente a sofrer de alguma doença respiratória). O número elevado de trabalhadores da saúde doentes leva Gass a defender que os profissionais possam trabalhar mesmo que estejam infectados com o vírus da covid-19 – desde que não tenham sintomas – e deixem de ser obrigados a isolar-se mesmo que assintomáticos, o que ainda acontece na Alemanha.
O médico internista Karagiannidis foi questionado sobre a teoria segundo a qual depois de dois anos de máscara, as pessoas estariam mais sujeitas a ter este tipo de doenças e que isto levaria à situação nos hospitais. O clínico não crê que seja o caso, apontando uma origem anterior à pandemia, ainda que esta tenha vindo a torná-la pior : a falta de profissionais de saúde em geral e, em algumas regiões da Alemanha, de médicos.