Caso que opôs Johnny Depp a Amber Heard chegou ao fim. Actriz aceitou sentença

A actriz Amber Heard não vai recorrer da sentença de Junho. “Tomo esta decisão tendo perdido a fé no sistema jurídico americano.”

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Amber Heard confessa não ter forças para continuar esta batalha judicial, que descreve como "um processo legal árduo e dispendioso" REUTERS/POOL/arquivo

Depois de ter anunciado que ia avançar com um pedido para anular o julgamento que decorreu no estado norte-americano da Virgínia, a actriz Amber Heard recorreu ao Instagram para informar que decidiu conformar-se com a sentença e “seguir em frente”. No entanto, a estrela de Aquaman ressalva que esta sua decisão não constitui nenhuma “admissão” de culpa ou uma “concessão”.

Em Junho, depois de um mediático julgamento transmitido em directo para todo o mundo, um júri deliberou que a actriz difamou o ex-marido Johnny Depp quando se apresentou como vítima de abusos, desconsiderando os testemunhos e as provas que Amber Heard levou a tribunal para corroborar as suas acusações. Heard foi condenada a pagar a Depp 10,35 milhões de dólares (cerca de 9,7 milhões de euros, ao câmbio da época).

A equipa jurídica da actriz apresentou um pedido para anular o julgamento, visto que um dos jurados não devia ter feito parte do painel, mas, em Julho, a juíza Penny Azcarate considerou que não havia “nenhuma prova de fraude ou acto ilícito”.

Mais recentemente, Heard tinha dado entrada com um recurso no sentido de anular o julgamento, alegando que o caso foi tratado no estado errado e questionando a decisão da juíza em excluir testemunhos que corroborariam a violência doméstica que, se provada, deitaria por terra a acusação de difamação.

Agora, num longo texto, publicado no Instagram, Amber Heard confessa não ter forças para continuar esta batalha judicial, que descreve como “um processo legal árduo e dispendioso”, afirmando querer seguir em frente e recuperar tempo. Até porque deixou de acreditar na justiça americana.

Os advogados de Johnny Depp, Benjamin Chew e Camille Vasquez, reagiram, num comunicado, citado pelo Hollyood Reporter, satisfeitos por “a porta deste doloroso capítulo para o sr. Depp ter sido formalmente encerrada”, enaltecendo a “rigorosa busca de justiça do sistema jurídico [americano]”.

No entanto, a percepção de justiça nos EUA é diferente do outro lado da barricada, com a actriz a traçar o paralelo entre o que viveu no julgamento no Reino Unido, onde Depp processou o tablóide The Sun por o ter descrito como um “espancador da mulher” (e onde o actor perdeu), e o que aconteceu nos EUA. “Quando compareci perante um juiz no Reino Unido, fui defendida por um sistema robusto, imparcial e justo, onde fui protegida de ter de dar os piores momentos do meu testemunho perante os meios de comunicação social do mundo”, escreve, para depois relatar o que aconteceu em território norte-americano.

“Esgotei quase todos os meus recursos antes e durante um julgamento em que fui sujeita a uma sala de tribunal em que foram excluídas provas abundantes e directas que corroboravam o meu testemunho e em que a popularidade e o poder tinham mais importância do que a razão e o devido processo.”

A actriz acusa ainda o facto de ter sido “exposta a um tipo de humilhação” que não quer voltar a sentir. “Mesmo que o meu pedido [de anular o julgamento] fosse bem-sucedido, o melhor resultado seria um novo julgamento em que um novo júri teria de considerar outra vez as provas. Simplesmente não posso passar por isso uma terceira vez.”

Amber Heard voltou ainda a apontar o dedo à forma como as mulheres são tratadas quando se apresentam como vítimas de violência doméstica. “A vilificação que enfrentei nas redes sociais é uma versão ampliada das formas como as mulheres são revitimizadas quando se chegam à frente”, observa, deixando, porém, claro que isso não a demoverá de “dizer a verdade”. “Não me sentirei ameaçada, desanimada ou dissuadida pelo que aconteceu.”

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