Candidatos à liderança da IL criticam modos “grosseiros” e “impróprios” de Costa
António Costa criticou o “estilo histriónico” dos liberais e apelidou-os de “queques”. Carla Castro e Rui Rocha lamentam “declarações infelizes” e perda de “compostura e educação” do primeiro-ministro
Na entrevista que deu à Visão, publicada esta quarta-feira, foram vários os temas em que António Costa tocou: falou de um novo apoio de 240 euros, das previsões de crescimento de Portugal, dos problemas no SNS ou da mais recente remodelação governamental, mas, pelo meio, atirou-se também à direita e em particular aos liberais, que apelidou de "queques ridículos". Os candidatos à liderança da Iniciativa Liberal (IL), Rui Rocha e Carla Castro, já reagiram às declarações, criticando os "modos grosseiros" e "impróprios" do primeiro-ministro.
Referindo-se à saída de João Cotrim de Figueiredo da liderança da IL, António Costa afirmou que o líder demissionário dos liberais não se conseguiu “adaptar a este novo estilo histriónico que a IL quer ter de guinchar um bocadinho mais alto do que o Chega". E considerou que esse estilo "é ridículo porque os queques, quando tentam guinchar, ficam ridículos perante o vozeirão popular que o Ventura consegue fazer”.
Afirmando que "há uma barreira clara e um cordão sanitário" ao Chega por parte do PS, o primeiro-ministro censurou ainda os liberais por se deixarem "contaminar", juntamente com o PSD, pelo Chega. "Quem é aliado objectivo do Chega é a direita democrática", disse.
Não é a primeira vez que o primeiro-ministro critica o estilo dos liberais. Já em Outubro, reagindo ao anúncio de que Cotrim de Figueiredo iria deixar o cargo de presidente do partido, António Costa acusou a IL de “competir com o Chega no estilo de truculência e má educação democrática como intervém no debate público”.
Em reacção, numa publicação no Twitter, Rui Rocha considerou que “é inevitável” que o primeiro-ministro “perca cada vez mais a compostura e a educação com a IL”, mas assegurou que mesmo que António Costa proteste "nos seus modos grosseiros" continuará "a lutar para impedir que o PS abuse do seu poder e torne Portugal medíocre”.
E devolveu as críticas tecidas pelo primeiro-ministro relativamente à "aliança" entre IL e Chega: António Costa "tem o estilo de quem só pode estar sentado aos ombros de André Ventura", acrescentou.
Já Carla Castro comentou, numa nota enviada às redacções, "as declarações infelizes" do primeiro-ministro considerando que os termos usados pelo líder do executivo e "outros soundbites popularuchos típicos de António Costa" são "absolutamente impróprios".
"A Iniciativa Liberal está no Parlamento para fazer uma política diferente (...). Queremos oferecer propostas concretas que melhorem a vida dos portugueses, lhes devolvam a esperança e os retirem da estagnação socialista dos últimos 20 anos que nos meteu na cauda da Europa", afirmou a candidata à presidência da IL.
A também deputada instou ainda António Costa a, "antes de falar sobre a Iniciativa Liberal", "preocupar-se com a sua própria equipa e o estado do país".
Na entrevista, António Costa lançou-se também contra o PSD que, diz, "cada vez que tenta, perde a capacidade de afirmar um caminho próprio e deixa-se condicionar pelo Chega". Quanto ao Chega, questionou se os portugueses "ligam a sério ao que o Ventura diz" e afirmou que "o ruído de André Ventura só tem um efeito: abafar os poucos sons que o PSD tenta produzir".