Jornada da Juventude será um “megafenómeno”, diz segurança interna
Paulo Viseu Pinheiro explicou que o SSI trabalha “em função da expectativa” e “as estimativas ainda estão numa fase muito inicial”.
Os planos de segurança e saúde para a jornada da juventude e visita do Papa, em Agosto, estão a ser trabalhados na expectativa do “maior evento que Portugal irá organizar”, avançou o responsável pelo Sistema de Segurança Interna.
“Este será, porventura, um dos maiores, senão o maior evento que Portugal irá organizar e receber, na medida em que falamos de largos milhares, para não falar de milhões de visitantes de vários países”, disse à agência Lusa o secretário-geral do Sistema de Segurança Interna (SSI).
Paulo Vizeu Pinheiro será responsável pela coordenação das áreas da saúde e segurança durante a Jornada Mundial da Juventude (JMJ), que vai decorrer em Lisboa, entre 1 e 6 de Agosto de 2023, evento que contará com a presença do Papa Francisco, que estará também de visita a Fátima.
O secretário-geral do SSI sublinhou que “ainda é cedo para uma estimativa” sobre o número de pessoas que vão estar presentes no país, mas “a experiência aponta para ser um megafenómeno e megaevento com uma grande circulação de pessoas”.
“Em termos do que é expectável do número de cidadãos que virão visitar Portugal num curto espaço de tempo e num espaço mais limitado dentro do território nacional, será certamente um evento sem paralelo e provavelmente sem precedentes em termos de números”, precisou.
Paulo Viseu Pinheiro explicou que o SSI trabalha “em função da expectativa” e “as estimativas ainda estão numa fase muito inicial”, trabalhando o Sistema de Segurança Interna “em função daquilo que são os dados” dos participantes.
O embaixador afirmou também que o SSI “tem já uma grande experiência na articulação” das forças de segurança, Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil, INEM e Forças Armadas.
“Toda esta panóplia de entidades está gradualmente a ser envolvida à medida que vão sendo conhecidos e trabalhados os planos de organização do evento”, disse, garantindo que o sistema tem “a máquina bem oleada” com experiências anteriores de organização de grandes eventos, como várias visitas do Papa e cimeiras internacionais.
Na cimeira da NATO, realizada em Novembro de 2010 em Lisboa, foram mobilizados mais 10.000 elementos das forças de segurança, na última visita do Papa Francisco a Fátima, em Maio de 2017, cerca de 6.000 polícias estiveram envolvidos diariamente na operação de segurança e, mais recentemente, a conferência dos Oceanos, em Junho, empenhou mais de 2.000 polícias.
No entanto, sustentou que a JMJ “obviamente terá uma dimensão maior porque tem a ver com peregrinos e jovens que vêm de todo o mundo”.
“Mas tenha a dimensão que vier a ter, naquilo que respeita ao Sistema de Segurança Interna, vamos trabalhar com todas as entidades”, afirmou.
Paulo Viseu Pinheiro salientou igualmente que, “desde a primeira hora”, o SSI está em contacto com o coordenador do evento nomeado pelo Governo, José Sá Fernandes, Fundação JMJ e todos os outros intervenientes envolvidos em questões da mobilidade, segurança de instalações e aeroportuária.
“Todo esse projecto está a ser gradualmente trabalhado. Mas estamos ainda nos primórdios e ainda há muito trabalho pela frente”, afirmou.
Tal como já anunciou o ministro da Administração Interna, e à semelhança do que aconteceu na cimeira da NATO e na visita do Papa, vão ser repostos os controlos de fronteira terrestre, devendo também ser reforçada a segurança aeroportuária e marítima.
Por outro lado, está em curso a reestruturação do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF), a qual também deverá estar pronta no primeiro trimestre de 2023.
Outro tema merecedor da atenção das autoridades são as questões ligadas ao terrorismo.
Na última sexta-feira, foram aprovadas no parlamento as alterações à Lei de Combate ao Terrorismo, transpondo para a legislação portuguesa a directiva europeia que aperfeiçoa normas incriminadoras de infracções relacionadas com actividades terroristas, incluindo as designadas viagens para terrorismo, e aumenta para quatro anos o limite máximo das penas de prisão aplicáveis ao chamado “crime de glorificação de actos de terrorismo”.
O Governo está também a preparar a Estratégia Nacional do Terrorismo, para ficar pronta antes do verão.
A Estratégia é actualizada de acordo com os novos fenómenos que se verificam neste campo, nomeadamente os chamados “lobos solitários”, isto é, aqueles que cometem sozinhos actos violentos, sem estarem ligados a células ou organizações terroristas.
Ainda relativamente à Jornada, o coordenador nomeado pelo Governo afirmou na semana passada que o ponto de encontro dos jovens é na zona de Loures e Lisboa junto ao rio Tejo, mas haverá outros locais onde vão decorrer eventos relacionadas com a JMJ, designadamente o Parque Eduardo VII, Belém e Oeiras.
A organização da JMJ não avança com números de peregrinos, mas José Sá Fernandes já afirmou que nunca serão menos de um milhão.