Bombeiros: INEM anuncia reforço com ambulâncias que já estão ao serviço
“Em abono da verdade, as ambulâncias já existem nos bombeiros e mudam apenas de função”, constata Liga dos Bombeiros Portugueses a propósito do “reforço” de meios anunciado pelo INEM.
A Liga dos Bombeiros Portugueses (LBP) criticou, nesta segunda-feira, o Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM) por anunciar um “reforço de meios de socorro” quando o que está em causa é a mobilização de ambulâncias que já prestavam este serviço.
A reacção da LBP surge na sequência do anúncio feito pelo INEM neste domingo, dando conta que vai “reforçar” o dispositivo com mais ambulâncias das corporações de bombeiros e da Cruz Vermelha durante os meses de Inverno. A solução já foi utilizada há um ano e também durante o Verão, mas os meios mobilizados são desta feita superiores. Há 37 meios envolvidos nesta operação de “reforço” do dispositivo de emergência, que o Sindicato dos Técnicos de Emergência Pré-Hospitalar também já classificou como “operação de marketing”.
“Em abono da verdade, as ambulâncias já existem nos bombeiros e mudam apenas de função, ou seja, de reserva para posto de emergência médica (PEM). A diferença está somente na modalidade de pagamento por esse serviço, com elevada incerteza para os Bombeiros”, precisou a LBP numa nota enviada à comunicação social.
Como o PÚBLICO especificou neste domingo, as ambulâncias das corporações de bombeiros podem ser classificadas como postos de emergência médica, recebendo nesses casos um subsídio de 4000 euros mensais do Estado e estando disponíveis em permanência para serem mobilizadas pelos Centros de Orientação de Doentes Urgentes (CODU); ou como ambulâncias de reserva, que estão à disposição do INEM sempre que sejam necessárias, mas só são pagas por cada utilização. A operação agora anunciada implica que os 37 meios envolvidos passam a ser classificados como postos de emergência médica.
Para a LBP, este é um “reforço” que poupa recursos ao INEM “à custa das associações de bombeiros”. Por outro lado, frisa “que com medidas pontuais como esta continua a não se resolver problemas estruturais que perduram e que exigiam a tomada de outro tipo de decisões”.
“Não há mais ambulâncias, nem há mais profissionais”, resume o Sindicato dos Técnicos de Emergência Pré-Hospitalar, que se mostra também preocupado com a “qualidade dos cuidados prestados à população”, uma vez que a resposta das corporações de bombeiros é dada por profissionais com “formação muito básica” em matéria de emergência médica, com “muito menos horas de treino do que aquelas que têm os profissionais do INEM”.