Professores do quadro continuam a ser colocados pelo lugar que ocupam nos concursos, garante ministério
Documento escrito com proposta do ministério sobre recrutamento só estará pronto no próximo ano. Garantias têm como alvo docentes do quadro. Sobre os contratados a negociação continua.
O secretário de Estado da Educação, António Leite, garantiu nesta terça-feira que a colocação de professores de quadro continuará a ser feita por concurso com base na lista graduada, em que os docentes estão ordenados segundo a sua graduação profissional calculada com base na nota do curso e tempo de serviço.
Também o ministro da Educação, João Costa, indicou que a vinculação aos quadros será sempre feita por via de concursos nacionais, respeitando a lista graduada. Estas garantias foram dadas numa conferência de imprensa destinada a desmentir “afirmações que estão a circular entre professores, nas redes sociais, e também em plenários de escolas, e que são objectivamente falsas”, frisou João Costa.
Nestas mensagens afirma-se, entre várias outras questões, que o concurso nacional e colocação de professores vai acabar, assim como a graduação profissional, e que os docentes serão contratados e colocados pelos municípios. Trata-se de uma “estratégia de desinformação e manipulação” dos professores, acusou Costa.
Estas mensagens seguem-se às informações veiculadas pelos sindicatos de professores depois das reuniões com o ME a 8 de Novembro, dando conta de propostas do ministério com vista ao agrupamento de professores em listas intermunicipais e à sua selecção por conselhos locais de directores. Uma mudança que coincidiria também com o redimensionamento dos actuais quadros de zonas pedagógica (QZP): de dez passariam a 23, coincidindo com as fronteiras das actuais comunidades intermunicipais e áreas metropolitanas.
Nesta terça-feira, coube ao secretário de Estado António Leite esclarecer os jornalistas sobre estas propostas. A manterem-se, existirão duas dimensões no processo de recrutamento de professores: “as colocações nos futuros QZP continuarão sempre a ser feitas com base na lista graduada”, seguindo-se depois uma distribuição destes professores pelas escolas destas zonas que “passa a ser feita pelo conselho local de directores com base em critérios que também serão claros e transparentes”.
Esses critérios ainda irão ser definidos, adiantou António Leite, precisando, contudo, que se pretende com esta distribuição que as escolas tenham professores com perfis adequados aos projectos que estão a desenvolver. O secretário de Estado reafirmou ainda que o redimensionamento dos actuais QZP tem como objectivo a diminuição da sua área geográfica, “reduzindo a mobilidade a que os professores estão obrigados”.
Todas estas garantias quanto ao respeito pela graduação profissional têm como alvo os professores do quadro. Quanto aos docentes a contrato, fazem parte do lote que “ainda será objecto de negociação”, esclareceu o ME. Legalmente, os professores do quadro têm concursos de quatro em quatro anos, já os contratados têm de concorrer todos os anos para conseguir um lugar.
Até agora, o ME ainda não entregou aos sindicatos um documento escrito com as suas propostas e “tal não acontecerá antes de 31 de Dezembro”, esclareceu João Costa. “Estamos a fazer um trabalho de aferição das necessidades permanentes de cada escola. É um trabalho de filigrana que cruza com as necessidades de novos professores até 2023, e que requer muito rigor técnico. A seu tempo teremos propostas.”
Última ronda de negociações do ano
Antes da conferência de imprensa, João Costa e António Leite reuniram-se de novo com os sindicatos de professores, desta vez para debaterem a contagem de tempo de serviço prestado pelos educadores em creche, a realização de um concurso extraordinário de vinculação para os docentes das escolas artísticas e a dispensa de vaga para progressão aos 5.º e 7.º escalões de docentes com doutoramento.
Foi a terceira ronda com os sindicatos e este ano não haverá mais. João Costa informou que em relação aos dois primeiros pontos, debatidos nesta terça-feira, houve ”uma concordância generalizada”, o que não aconteceu em relação ao último, pelo que o ministério irá “reponderar” a possibilidade que apresentou, ou seja, permitir aos professores com doutoramento que progridam para o 5.º e 7.º escalões da carreira sem precisarem que o Governo abra vagas para o efeito.
Os sindicatos consideram que seria abrir uma excepção que não se justifica, já que não deveria ser necessário a existência de vagas para se progredir. Devido a esta prerrogativa, este ano ficaram parados na carreira mais de metade dos docentes que tinham todos os requisitos para subir para o 5.º ou 7.º escalões. “Estamos em diálogo”, adiantou João Costa.