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- Especial: Guerra na Ucrânia
A activista climática Svitlana Romanko e outro activista climático decidiram sair do Egipto depois de terem interrompido uma sessão com representantes russos na Cimeira do Clima das Nações Unidas (COP27), que está a decorrer em Sharm el-Sheikh. O anúncio foi feito pela organização Razom We Stand, que refere ainda que as credenciais que permitiam aos activistas entrar na conferência foram suspensas.
Segundo explica a organização, “dois activistas saíram do Egipto por receios relacionados com a sua segurança depois do incidente, dado o historial da Rússia de tratamento agressivo de pessoas críticas”. A Razom We Stand é uma organização que pede o fim de investimentos em empresas russas de gás e petróleo e Svitlana Romanko é a fundadora e directora desta organização.
Na terça-feira, a activista foi retirada de uma sessão da COP27 depois de ter dito que a Rússia era um “estado terrorista” responsável por mortes após a invasão da Ucrânia a 24 de Fevereiro e também por “matar o planeta com uma guerra fomentada por fósseis”, segundo um tweet da própria. “São criminosos de guerra e não deveriam estar aqui, mas sim em frente a um tribunal internacional de crimes de guerra.”
As declarações foram feitas durante um evento com representantes russos na COP27. A Rússia é um dos cinco países com mais emissões de gases com efeito de estufa a nível global, mas no evento em causa não se falou da produção de petróleo nem gás neste país, nem do papel dos combustíveis fósseis na crise climática, escreve o jornal britânico The Guardian. Por exemplo: o vice-ministro do Ambiente russo, Sergei Anoprienko, falou sobre os danos económicos causados pelo derretimento do permafrost e um conselheiro científico do Presidente russo, Vladimir Putin, falou sobre a monitorização de gases com efeito de estufa e a forma como uma árvore conseguiria absorver dióxido de carbono.
Acusações e perguntas incómodas
O responsável de comunicação da organização Razom We Stand, Jason Kirkpatrick, também foi retirado da sala depois de se manifestar contra a presença dos representantes russos, acusando-os de ser “criminosos de guerra” enquanto era levado pela segurança para fora da sala. E acredita que a suspensão das credenciais está relacionada com uma denúncia russa feita à organização da COP27. O PÚBLICO tentou contactar a organização da COP27, mas ainda não obteve resposta.
Questionada sobre a razão pela qual interrompeu a sessão, a activista Svitlana Romanko disse estar contente por ter “chamado o mal pelo nome”. “Tive a oportunidade de lhes dizer aquilo que todos os ucranianos gostariam de ter dito se aqui estivessem”, afirmou, citada pelo Guardian. Nessa sessão, outros activistas gritaram que a Rússia era “culpada de crimes de guerra” e foram retirados da sala.
Quando se abriu o espaço a perguntas durante essa sessão (que durou cerca de 75 minutos), o editor de clima da BBC, Justin Rowlatt, foi também removido da sala depois de perguntar se os representantes russos “iriam pagar pelo dano ambiental que causaram na Ucrânia”, indica o Guardian.
Não foi o único caso de tensão com os representantes russos: segundo um texto da Associated Press publicado no The Washington Post, alguns delegados da União Europeia também saíram de um plenário em que falava o enviado especial russo para o clima, Ruslan Edelgeriev.
A activista questionou ainda a razão pela qual os representantes russos puderam participar na COP27, como se lê num comunicado enviado pela organização: “Porque é que a delegação russa pôde ter sido representada oficialmente na COP27, mesmo tendo em conta que estão numa guerra aberta?”. “Não seremos silenciados pela Rússia e a Ucrânia não será derrotada”, disse ainda a activista ucraniana. Svitlana Romanko referiu que muitos activistas e pessoas que se manifestaram estão presos e não podem sair do Egipto.
Um exemplo é o do activista egípcio-britânico Alaa Abd el-Fattah, que passou a maior parte da última década preso no Egipto. É um dos rostos das manifestações da Primavera Árabe e fez, este ano, uma greve de fome em forma de protesto. Abd el-Fattah decidiu também deixar de beber água no início de Novembro, o que ofuscou as negociações da Cimeira do Clima – o activista quebrou entretanto a greve de fome, anunciou a sua família.
“As pessoas devem ter o direito de se erguerem e falarem pela liberdade, democracia e justiça climática”, concluiu Svitlana Romanko.