Japão diz que o míssil disparado pela Coreia do Norte tem capacidade para atingir os EUA

Sul-coreanos e japoneses denunciam ensaio norte-coreano com míssil balístico intercontinental. Vice-presidente dos EUA condena teste em reunião de emergência com aliados na região.

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Japoneses assistem a reportagem sobre o lançamento da Coreia do Norte de um míssil intercontinental Reuters/KYODO

A Coreia do Norte disparou um míssil balístico intercontinental, que caiu no mar, a cerca de 200 quilómetros da ilha japonesa de Hokkaido, denunciaram as autoridades militares do Japão e da Coreia do Sul.

Yasukazu Hamada, ministro da Defesa japonês, disse esta sexta-feira aos jornalistas que o “míssil do tipo ICBM” (sistema de míssil intercontinental) disparado a partir da Coreia do Norte, tem capacidade para atingir o território continental norte-americano.

“Com base nos cálculos, tendo em conta a sua trajectória, o míssil balístico já deverá ter uma capacidade de alcance de 15 mil quilómetros, dependendo do peso da sua ogiva; e, nesse caso, significa que os EUA estão ao seu alcance”, afirmou Hamada, citado pela BBC.

A guarda costeira japonesa pediu aos navios que estivessem a navegar na área de Oshima-Oshima para não se aproximarem de qualquer destroço que possa estar a flutuar no mar.

“A Coreia do Norte tem disparado repetidamente mísseis este ano com uma frequência sem precedentes e está a aumentar significativamente as tensões na península coreana”, criticou o ministro da Defesa japonês, citado pela Lusa.

O Estado-Maior Conjunto da Coreia do Sul (JCS) informou que o míssil foi disparado a partir de região de Sunan, nos arredores da capital norte-coreana, Pyongyang, e que percorreu uma distância de cerca de mil quilómetros, a seis mil quilómetros de altitude e a uma velocidade máxima Mach 22 – o número Mach corresponde à relação entre a velocidade de um objecto e a velocidade do som.

Seul acredita que o ensaio foi realizado com o míssil ICBM do modelo Hwasong-17, um projéctil que, supostamente, tem capacidade para transportar ogivas nucleares e um alcance estimado de 13 mil quilómetros.

A falta de pormenores sobre este teste e as notícias sobre o suposto ensaio falhado, no início do mês, com o mesmo tipo de míssil, deixam muitas dúvidas sobre a capacidade efectiva do armamento balístico do regime de Kim Jong-un.

A reacção dos críticos da Coreia do Norte na região ao lançamento desta sexta-feira é que não mereceu dúvidas: a condenação foi unânime.

O primeiro-ministro japonês, Fumio Kishida, descreveu o lançamento como “absolutamente inaceitável”, o Exército sul-coreano falou numa “ameaça grave que prejudica a paz e a estabilidade” na península coreana e a Casa Branca lembrou que o ensaio incorre numa “violação de múltiplas resoluções do Conselho de Segurança das Nações Unidas.

Em Banguecoque, na Tailândia, para participar na cimeira da Cooperação Económica Ásia-Pacífico (APEC), a vice-presidente dos EUA, Kamala Harris, reuniu-se de emergência com os representantes dos aliados de Washington na região.

“Condenamos firmemente estas acções e voltamos a apelar à Coreia do Norte para acabar com estas actividades ilegais e desestabilizadoras”, disse Harris aos líderes do Japão, da Coreia do Sul, da Austrália, da Nova Zelândia e do Canadá, citada pela Reuters.

Em resposta, norte-americanos e sul-coreanos iniciaram nova ronda de exercícios militares aéreos, para mostrarem a sua “vontade férrea para responder decididamente a quaisquer ameaças e provocações, que incluem mísseis balísticos intercontinentais da Coreia do Norte, e para demonstrar capacidade e prontidão amplamente superiores para atingir o inimigo com precisão”, informou o JCS, citado pela agência Yonhap.

O ensaio balístico desta sexta-feira também coincide com a visita do presidente do Governo de Espanha, Pedro Sánchez, à Coreia do Sul, e ocorre depois de o regime de Pyongyang ter disparado um míssil de curto-alcance, na véspera.

No início do mês, a Coreia do Norte chegou a disparar mais de duas dezenas de mísseis num só dia. O ano de 2022 é, na verdade, o ano em que país asiático realizou mais testes com este tipo de armamento e os seus adversários na região acreditam que se está a preparar para avançar com um ensaio nuclear.

“Pyongyang está a tentar perturbar a cooperação internacional fazendo escalar as tensões militares e sugerindo que tem capacidade para colocar cidades americanas em risco de um ataque nuclear”, considera Leif-Eric Easley, professor na Universidade Ewha, em Seul, citado pela Reuters.

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