Ela Disse — o filme sobre começar uma revolução a partir da violação

Baseado na investigação do New York Times, é um filme que abafa Harvey Weinstein porque é sobretudo sobre jornalismo. E pode vir na altura certa.

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Zoe Kasdan e Carey Mulligan em "Ela Disse" Universal Pictures
(from left) Hywel Madden (Wesley Holloway), Laura Madden (Jennifer Ehle) and Iris Madden (Justine Colan) in She Said, directed by Maria Schrader.
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(from left) Hywel Madden (Wesley Holloway), Laura Madden (Jennifer Ehle) and Iris Madden (Justine Colan) in She Said, directed by Maria Schrader. JoJo Whilden/Universal Pictures

A primeira cena de Ela Disse não grita. Uma rapariga passeia o cão à beira-mar, feliz. A segunda cena arqueja com ela, numa aflição que diz ao espectador: “Isto é importante”. As restantes duas horas de Ela Disse são a expressão do “dever sagrado” que a actriz Zoe Kazan diz sentir ao contar a história, ao lado Carey Mulligan, da investigação jornalística que fez da palavra uma arma contra o assédio sexual e a discriminação sistémica. Este é um filme que começa e acaba no jornalismo sobre o caso Harvey Weinstein e que precede a vulgarização da expressão “movimento #MeToo” — mas dá-se o caso de este ser um filme sobre um predador que caçava na indústria do cinema, cuja visibilidade e glamour foi essencial a para que esta história, e não outra qualquer (sobre Trump, sobre Bill O’Reilly, sobre Bill Cosby) mudasse o equilíbrio na balança da expressão “é a palavra dela contra a dele”.

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