Ela Disse — o filme sobre começar uma revolução a partir da violação
Baseado na investigação do New York Times, é um filme que abafa Harvey Weinstein porque é sobretudo sobre jornalismo. E pode vir na altura certa.
A primeira cena de Ela Disse não grita. Uma rapariga passeia o cão à beira-mar, feliz. A segunda cena arqueja com ela, numa aflição que diz ao espectador: “Isto é importante”. As restantes duas horas de Ela Disse são a expressão do “dever sagrado” que a actriz Zoe Kazan diz sentir ao contar a história, ao lado Carey Mulligan, da investigação jornalística que fez da palavra uma arma contra o assédio sexual e a discriminação sistémica. Este é um filme que começa e acaba no jornalismo sobre o caso Harvey Weinstein e que precede a vulgarização da expressão “movimento #MeToo” — mas dá-se o caso de este ser um filme sobre um predador que caçava na indústria do cinema, cuja visibilidade e glamour foi essencial a para que esta história, e não outra qualquer (sobre Trump, sobre Bill O’Reilly, sobre Bill Cosby) mudasse o equilíbrio na balança da expressão “é a palavra dela contra a dele”.
O contributo do PÚBLICO para a vida democrática e cívica do país reside na força da relação que estabelece com os seus leitores.Para continuar a ler este artigo assine o PÚBLICO.Ligue - nos através do 808 200 095 ou envie-nos um email para assinaturas.online@publico.pt.