Brad Pitt vai produzir filme sobre o escândalo Weinstein
O filme seguirá os passos dados pelas jornalistas Jodi Kantor e Megan Twohey durante a investigação que desmascarou anos de continuado abuso sexual do poderoso produtor. Será produzido pela Plan B, de Brad Pitt, e pela Annapurna Pictures.
Não se sabe quem será o argumentista, o realizador ou os actores envolvidos, mas parece certo que o escândalo Weinstein dará um filme. E que Brad Pitt será o produtor. A notícia foi avançada este sábado pelo site Deadline e confirmada pelo New York Times, o jornal onde foi publicada originalmente a investigação, assinada pelas jornalistas Jodi Kantor e Megan Twohey, que revelou o longo historial de abusos sexuais do produtor que foi durante décadas uma das figuras mais destacadas de Hollywood.
Com produção repartida entre a Plan B, de Brad Pitt, responsável por Doze Anos Escravo e Moonlight, e a Annapurna Pictures, fundada em 2011 por Megan Ellison, o filme seguirá os passos das jornalistas durante a investigação e os obstáculos que, pela sensibilidade do tema e pelo poder do acusado, foram encontrando no caminho. Escreve a Variety que a intenção dos produtores será seguir a linha de O Caso Spotlight, filme de 2015, realizado por Tom McCarthy, que mostra como os repórteres do Boston Globe expuseram décadas de abuso sexual a crianças praticadas por padres católicos protegidos pela hierarquia da Igreja.
A investigação de Jodi Kantor e Megan Twohey foi o princípio do fim de Harvey Weinstein, que fundara com o irmão Bob a Miramax e, depois, a Weinstein Company. Actualmente com 66 anos, era um dos mais poderosos homens da indústria cinematográfica. A reportagem do New York Times, publicada em Outubro de 2017 e seguida dias depois por uma outra da New Yorker, assinada por Ronan Farrow — distinguidas em conjunto com o Prémio Pulitzer de 2018 —, desmascarou-o como um abusador sexual que usava o seu poder como forma de intimidação. Angelina Jolie, Asia Argento, Salma Hayek, Lea Seydoux ou Gwyneth Paltrow são apenas algumas das dezenas de mulheres que, após publicação das reportagens, denunciaram ou processaram judicialmente Weinstein por violação ou assédio sexual. O movimento #MeToo e o actual e intenso debate sobre igualdade de género teve ali o seu momento inicial.
A notícia da compra dos direitos sobre a história chega dois dias depois da condenação por agressão sexual de Bill Cosby, o actor e comediante americano, hoje com 80 anos, e sobre quem pendem várias acusações de abusos sexuais cometidos sobre várias mulheres desde a década de 1960.