Prémio Goncourt para Brigitte Giraud pela autoficção Vivre vite

A escritora de 56 anos é a 13.ª mulher a receber o mais importante galardão literário francês.

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Brigitte Giraud rodeada de jornalistas esta manhã EPA/YOAN VALAT

O prémio Goncourt 2022 foi atribuído a Brigitte Giraud por Vivre vite, romance de autoficção publicado pela editora Flammarion. Nele, a escritora questiona o que teria sido a sua vida se Claude, o seu companheiro, não tivesse morrido num acidente de moto em 1999, aos 41 anos. Numa “história tensa, que funciona como uma verdadeira contagem regressiva”, Brigitte Giraud tenta perceber o que levou a que aquele acidente acontecesse, lê-se no resumo do livro. A escritora regressa às perguntas que na altura ficaram sem resposta vinte anos depois.

“Brigitte Giraud é a 13.ª mulher vencedora do prémio”, disse aos jornalistas Paule Constant, escritora e membro da Academia Goncourt, no anúncio desta manhã em Paris. Passaram seis anos depois da atribuição deste prémio a Leila Slimani, pelo livro Canção Doce (Alfaguara) em 2016.

“O íntimo só tem sentido se ressoar com o colectivo”, reagiu a escritora a seguir ao anúncio do prémio segundo o Le Monde. “Quero pensar que o júri viu essa dimensão mais ampla”, acrescentou Giraud. Que o júri do Goncourt viu em Vivre vite "mais do que uma simples vida íntima, mais do que um simples destino.”

O título Vivre vite é retirado de uma canção de Lou Reed, que era um dos músicos preferidos de Claude, guitarrista e crítico de rock​. No início do livro, a narradora conta-nos que vai abandonar a casa que comprou com Claude há 20 anos, na qual ele nunca viveu, depois de ter resistido durante meses às pressões para que a vendesse e assinasse um contrato de venda. “A casa tornou-se o testemunho da minha vida sem Claude. Uma carcaça que eu precisei de aprender a habitar”, lê-se nas primeiras páginas deste romance.

A escritora que vive em Lyon já fora finalista do Prémio Femina com o livro Um Ano Estrangeiro, publicado em Portugal pela Livros da Seda em 2010. A obra faz parte dos livros recomendados pelo Plano Nacional de Leitura para o Ensino Secundário.

Como habitualmente, os dez membros da Academia Goncourt estiveram reunidos esta quinta-feira no restaurante Drouant, em Paris, onde foi feito o anúncio. As outras três obras finalistas eram Le Mage du Kremlin, de Giuliano da Empoli (Gallimard), Les Presque Soeurs, de Cloé Korman (Seuil), e Une somme humaine, de Makenzy Orcel (Rivages)​. Como escreve a jornalista Raphaëlle Leyris​, do Le Monde, o romance de Giuliano da Empoli era para muitos o favorito, mas recebeu o Grande Prémio do Romance da Academia Francesa na semana passada.

O Prémio Goncourt de 2021 foi atribuído a Mohamed Mbougar Sarr por A Mais Secreta Memória dos Homens​, que em Portugal saiu pela Quetzal no mês passado.

Também esta quinta-feira o Prémio Renaudot foi atribuído a Simon Liberati pela obra Performance (ed. Grasset).

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