Luís Cardoso no Encontro de Leituras de Novembro

O livro em discussão no clube de leitura do PÚBLICO e do jornal brasileiro Folha de S. Paulo é O Plantador de Abóboras, a 8 de Novembro, às 22h (19h em Brasília), no Zoom.

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Luís Cardoso recebeu o Prémio Oceanos em 2021 Daniel Rocha

O romance O Plantador de Abóboras (Sonata para uma neblina), de Luís Cardoso, editado em Portugal pela Abysmo e no Brasil pela Todavia, estará em discussão no Encontro de Leituras no dia 8 de Novembro, às 22h em Lisboa (19h em Brasília), numa sessão Zoom aberta a todas as pessoas que queiram participar.

Pode juntar-se à sessão através deste link ou através da ID da reunião 863 4569 9958 (senha de acesso 553074).

O escritor timorense Luís Cardoso, que vive em Portugal, é o convidado do clube de leitura do PÚBLICO e do jornal brasileiro Folha de S. Paulo com este livro que lhe valeu o Prémio Oceanos em 2021. Nessa altura, o escritor brasileiro Itamar Vieira Júnior, autor de Torto Arado (Prémio Leya), além de realçar “o poder da linguagem” deste O Plantador de Abóboras, destacava que esta obra nos mostra que a história de uma personagem nunca é solitária, carrega consigo a história de um povo e de um país.

Por sua vez, no Ípsilon, o crítico literário José Riço Direitinho escreveu que apesar de O Plantador de Abóboras ser apresentado como um romance, a sua leitura assemelha-se à de “um longo poema” pela sua “linguagem poética”, pelo seu “ritmo frásico sempre controlado” e pelas suas pausas. “É uma alegoria política em jeito de monólogo sobre a História de Timor-Leste no último século”, acrescentou.

Na última Bienal Internacional do Livro de São Paulo, no Brasil, Luís Cardoso lembrou que na vida plantamos casas, sonhos, filhos, estudos, revoluções. Também neste seu sétimo romance, em que uma mulher que durante anos esperou pelo noivo acaba por contar a história do seu país, nos lembra nas primeiras páginas: “Não sei quem eras antes de entrares nesta casa para me dizeres que gostarias de plantar abóboras. Deitam-se sementes à terra e que delas nasçam plantas. Em Manu-mutin chove todo o ano. Tanto que até chove dentro de mim. Vivemos dentro de um chuveiro. E esta permanente neblina que nos cobre como se fosse sumaúma. Plantamos durante o ano inteiro; plantas, pedras, animais, casas e pessoas. Também abóboras.”

Luís Cardoso é licenciado em silvicultura no Instituto Superior de Agronomia de Lisboa e foi representante do Conselho Nacional da Resistência Maubere em Portugal. Este seu livro nasceu sobretudo de uma viagem, feita em 2001 ao seu país depois da independência, e o escritor estava na companhia do Prémio Nobel da Literatura José Saramago. Foi durante essa visita, ambos num lugar em ruínas que fica no alto de uma montanha – que em Timor é conhecido como umbigo da Terra –, que se levantou uma figura feminina e começou a contar a história de Timor.

Essa mulher, sobrevivente a uma guerra de 24 anos onde morreram cerca de 200 mil pessoas, e à qual resistiu e prometeu a si mesma que estaria viva quando ficassem independentes, ao contar aquela história (que não era simples) começou a misturar as guerras todas (Timor teve três ocupações, explicou o escritor na bienal). Por isso, este romance “único e poderoso”, que tem um “fluxo poético de memória e tragédia, reminiscências e episódios históricos”, como resume a editora brasileira Todavia no seu site, é “uma meditação sobre a criação de Timor e todas as violências possíveis.”

Ou como descreve a editora portuguesa Abysmo, “dizer o que acontece nestas páginas arrisca reduzir o que de humano, tão humano, o escritor faz acontecer. A cada passo nos comovemos, rimos e reflectimos. Timor, esse cenário mítico, não voltará a ser o mesmo depois desta viagem onde o concreto e mítico, Sancho Pança e Chibanga, as rosas e o café, o cavalo e o ganso, o Império Colonial e o Oriente são chamados a palco para narrar os modos de fazer mundo.”

O Encontro de Leituras junta leitores de língua portuguesa uma vez por mês e discute romances, ensaios, memórias, literatura de viagem e obras de jornalismo literário na presença de um escritor ou especialista convidado. É moderado pela jornalista Isabel Coutinho, responsável pelo site do PÚBLICO dedicado aos livros, o Leituras, e pelo jornalista da Folha de S. Paulo Eduardo Sombini, apresentador do Ilustríssima Conversa, podcast de livros de não-ficção.

O evento discute romances, ensaios, memórias e outras obras na presença de um escritor ou um especialista convidado e reúne leitores de língua portuguesa de diversos países. Os melhores momentos de cada sessão podem ser ouvidos no podcast Encontro de Leituras.

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