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Julián Fuks é o convidado do Encontro de Leituras de Julho

O escritor brasileiro, Prémio José Saramago 2017, é o convidado do clube de leitura do PÚBLICO e da Folha de S. Paulo, a 12 de Julho, às 22h de Lisboa (18h em Brasília). Em discussão estará o seu romance A Ocupação. A sessão acontece no Zoom, aberta a todos os que queiram participar.

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Julián Fuks LUSA/RODRIGO ANTUNES

O escritor brasileiro, filho de pais argentinos, Julián Fuks é o convidado do próximo Encontro de Leituras, o clube de leitura do PÚBLICO e do jornal brasileiro Folha de S. Paulo. A sessão acontecerá a 12 de Julho, às 22h de Lisboa (18h em Brasília), no Zoom, como habitualmente, aberta a todos os que queiram participar. A ID é a 863 4569 9958 e a senha de acesso 553074. Aqui fica o link.

Em discussão estará o romance A Ocupação, editado em Portugal em 2020 pela Companhia das Letras, um ano depois de ter saído no Brasil pela mesma editora. Durante a escrita deste livro, o autor contou com um mentor, o escritor moçambicano Mia Couto, através de uma Bolsa da Fundação Rolex. Iam trocando cartas e Mia lê uma delas neste vídeo e neste outro, o escritor moçambicano, que considera ser este o melhor livro do escritor brasileiro, explica como tudo se processou nesta tutoria.

Na sua obra anterior, A Resistência, o escritor tinha criado o personagem Sebastián, seu alter-ego, para contar a história de um seu irmão adoptado e da sua família. Esse seu romance, que pode ser incluído no género de autoficção e tinha uma relação com o passado e com a Argentina, venceu o Prémio Jabuti na categoria de Melhor Livro e o segundo lugar no Prémio Oceanos no Brasil. Em Portugal, valeu-lhe ainda o Prémio José Saramago (em 2017) e na Alemanha o Prémio Anna Seghers-Preis (em 2018).

Em A Ocupação, Julián Fuks, que foi considerado pela revista Granta um dos melhores jovens escritores brasileiros em 2012, regressa à personagem de Sebastián, seu alter-ego, para olhar de novo a família (com o pai numa cama de hospital), para a vida de casal (quer ter ou não ter filhos), e também para o seu país, o Brasil, num tempo presente e à beira da ruína. “Não sei o que fazer depois da morte, disse o meu pai, e o absurdo da frase me espantou menos que a normalidade da voz. Fazia dias que os nossos diálogos não iam além das queixas regulares, suas lamúrias agudas sobre o corpo que o traía, minhas lamúrias graves, decerto insensíveis, sobre os rumos de um país que eu não reconhecia mais.” (pág. 51)

Por isso ele tem dito que os dois livros fazem parte de um díptico. Embora possam ser lidos um independentemente do outro, têm o mesmo narrador, algumas personagens comuns e uma reflexão sobre como as vidas individuais são afectadas pela política. A Ocupação nasceu da sua vontade de escrever sobre o momento actual do Brasil, como disse ao Ípsilon em 2020, mas também do convite que lhe fizeram para participar na Residência Artística Cambridge, com sede no Hotel Cambridge, antigo hotel de luxo da década de 50 e 60 do século XX em São Paulo, que entrou em decadência até ser ocupado pelo Movimento Sem Teto do Centro, em 2012, para abrigar centenas de famílias.

Depois do lançamento do filme Era o Hotel Cambridge, realizado por Eliane Caffé em 2016, o movimento convidou diversos artistas para ali fazerem residências. Julián Fuks foi um deles. Começou por entrevistar as pessoas para saber como tinham ido lá parar e a fazer reportagem, mas depois acabou por se envolver mais e numa madrugada participou na ocupação de um prédio, e acabou por todos os dias, durante três meses, acompanhar a vida daquelas pessoas numa casa sem portas, as suas assembleias e aquela luta. No livro há personagens como Preta Ferreira, activista do grupo Frente de Luta por uma Moradia, o refugiado sírio Najati ou a haitiana Ginia.

A Ocupação é um romance de autoficção, íntimo e de diálogo. Se no início Julián Fuks, que joga com o leitor através da ambiguidade, só queria que a sua autoficção ficasse menos narcisista ao ser ocupada pelas vozes dos outros, agora defende a necessidade de uma “literatura ocupada” (como espaço de luta e de resistência e que se deixasse ocupar por outros discursos como o político). “O momento precisa de uma literatura engajada”, já disse, embora não considere que toda a literatura deva ser militante.

Neste romance escreve sobre a cidade de São Paulo, onde nasceu em 1981, e foi um desafio para ele “conceber literariamente” São Paulo, uma cidade que se reconstrói a partir das suas próprias ruínas.

O Encontro de Leituras junta leitores de língua portuguesa uma vez por mês e discute romances, ensaios, memórias, literatura de viagem e obras de jornalismo literário, na presença de um escritor, editor ou especialista convidado. É moderado pela jornalista Isabel Coutinho, responsável pelo site do PÚBLICO dedicado aos livros, o Leituras, e pelo jornalista da Folha de S. Paulo Eduardo Sombini, apresentador do Ilustríssima Conversa, podcast de livros de não-ficção.

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