Num espaço acolhedor, com vistas para o Palácio da Bolsa, no Porto, está uma pequena gelataria artesanal que apregoa “gelados de sonho”. A receita: “alma portuguesa” com uma “inspiração italiana”. Não estranhe se der por si a provar um gelado de queijo da Serra da Estrela, ou um de requeijão com doce de abóbora, dois dos sabores em destaque nesta temporada na Gelatopia, nascida do “sonho” de Paulo Geraldes e Mariana Santos.
Com a ideia de criarem um espaço onde pudessem fabricar e vender “gelados de qualidade”, Paulo e Mariana deixaram Angola, país a que chamaram casa durante mais de dez anos, e rumaram ao Porto, cidade que representa “estar mais perto da família”. Pelo caminho passaram por Bolonha, em Itália, e estudaram a arte que tanto amavam na Carpigiani Gelato University.«
Finalmente, em 2019, o sonho concretizou-se e abriram a primeira loja, junto do Mercado Ferreira Borges, no Porto. Os sabores expandiram-se e chegaram a mais casas, incluindo a Lisboa, onde têm actualmente mais uma loja, em Campo de Ourique.
Na Gelatopia, o menu é vasto: dos sorbettos, à base de água, com sabores como chocolate, morango, framboesa, maracujá ou pêra rocha; aos gelatos, com leite, que também apresentam sabores à italiana, como o tiramisu ou cappuccino. A carta é alterada semanalmente, podendo sempre haver surpresas.
Para esta temporada de Outono/Inverno garantem sabores únicos com toque português. Para além do Queijo Serra da Estrela (com mel e nozes) e do requeijão com doce de abóbora, a Gelatopia apresenta ainda o gelato de biscoito de canela e de crumble de banana (com “cremoso variegato de caramelo") e o sorbetto de tangerina. Os sabores podem ser encontrados nas lojas da gelataria pelo preço de 3 euros o copo ou cone com dois sabores, e 4,20 euros por um copo ou cone com três sabores.
Para além de saborearem os gelados, os clientes podem apreciar a arte de fazê-los: é tudo produzido pela equipa de Paulo num pequeno laboratório dentro da loja. Através de uma pequena janela, os clientes que por lá passam podem ficar a aprender um pouco mais sobre a produção.
“O nosso objectivo foi sempre ter um produto de grande qualidade, por isso, fazemos tudo aqui. No caso dos sorbettos, compramos as frutas a produtores locais, depois deixamos amadurecer no laboratório e quando estiverem no ponto começamos a preparar o gelado. No caso dos sabores mais estilo sobremesa, fazemos aqui tudo com as nossas receitas e depois transformamos em gelado”, refere Paulo em conversa com a Fugas.
O processo de produzir gelado é simples, mas trabalhoso, e apenas são necessárias quatro etapas. A “copa suja”, como a apelidam, é uma pequena cozinha onde descascam as frutas e elaboram os doces, biscoitos e misturas para crepes e waffles. Tendo estes ingredientes prontos, segue-se a parte do fabrico propriamente dito, onde misturam tudo com os açúcares no pasteurizador. Tanto os sorbettos como os gelatos são “pasteurizados, pesados e misturados” e depois seguem para a máquina. “Desta máquina saem para uma outra que é o batedor de temperatura, a -35ºC, e é aqui que ganham a forma cremosa” pela qual são conhecidos, descreve o fundador da gelataria.
Estes gelados são feitos a pensar em todos os públicos. No caso de pessoas intolerantes ou que não comem carne nem derivados de animais, os sorbettos são uma boa opção, pois são vegan e não apresentam lactose ou proteínas do leite nos ingredientes. Para aquelas pessoas que são mais atentas ao peso, tanto os sorbettos e os gelatos têm cerca de 1/3 das calorias quando comparados com os tradicionais gelados. Também não usam qualquer tipo de conservantes, aromatizantes ou corantes, garante-se. “Tudo é feito à base de fibras vegetais para dar ‘cremosidade’ ao gelado e para reduzir o teor de açúcar”, sublinha Paulo.