Ach.Brito foi vendida por um euro. Empresa passou a ser detida por um fundo de capital de risco
A centenária empresa foi absorvida pelo fundo FCR PME Novo Banco, gerido pela Haitong Global Asset Management, noticiou o Jornal de Negócios. Em causa, um empréstimo que a Ach.Brito não conseguiu reembolsar.
A Ach.Brito, que inclui as marcas de sabonetes e outros produtos de beleza Claus Porto e Musgo Real, tinha no mercado do turismo um dos seus principais clientes e o plano a seis anos, revelado ao PÚBLICO em 2017, visava “aumentar as vendas da marca [Claus Porto] no estrangeiro”, num investimento de cinco milhões de euros. Mas as suas intenções viriam a ser goradas com a chegada da pandemia, a meio do processo.
Actualmente com cerca de 80 funcionários, a empresa acabou por pedir empréstimos, concedidos pelo fundo FCR PME Novo Banco, que não conseguiu pagar. Agora, noticiou o Jornal de Negócios, a dívida foi convertida em capital, resultando na passagem de 100% das acções da companhia para o fundo de capital de risco pelo valor simbólico de um euro.
Em comunicado, o Haitong Bank informou, nesta sexta-feira à tarde, que “nem o Haitong Bank nem qualquer entidade do Grupo em que está inserido adquiram qualquer participação na sociedade em causa”, esclarecendo que “a ligação do Grupo Haitong ao fundo” FCR PME Novo Banco se “restringe apenas ao facto de este ter por sociedade gestora a Haitong Global Asset Management, SGOIC, S.A.”.
Foi em 1887 que os alemães radicados em Portugal Ferdinand Claus e George Schweder criaram a original fábrica de sabonetes, no Porto. Mas, em 1925, depois de os sócios originais terem voltado para a Alemanha, Achilles de Brito, que entrara para a Claus & Schweder como guarda-livros, adquiriu a companhia, através da sua firma Ach. Brito, num negócio que incluiu a passagem da fábrica e dos equipamentos, tendo a sua época dourada nos anos 50 do século passado.
Depois do 25 de Abril de 1974 parte dos negócios de família foram nacionalizados, mas a entrada em cena da distribuidora americana Lafco, no início da década de 1990, viria a relançar a marca, sobretudo nos mercados internacionais.
Os sabonetes chegaram até a aparecer no programa da Oprah Winfrey — algo que gerou um enorme volume de encomendas, para o qual, lembrou Aquiles de Brito ao PÚBLICO, numa conversa por altura do 130.º aniversário, não estavam prontos.
Já em Portugal a Claus Porto viria a abrir uma loja em Lisboa, em 2016, e uma loja museu, no centro do Porto, meses depois.