Putin acusa Ucrânia de “terrorismo” e reúne Conselho de Segurança em Moscovo

Presidente russo diz que o ataque à ponte para a Crimeia teve mão dos serviços secretos ucranianos. Conselho de segurança reúne-se segunda-feira.

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Vladimir Putin diz não ter dúvidas acerca da responsabilidade ucraniana na explosão EPA/GAVRIIL GRIGOROV/SPUTNIK/KREMLIN POOL / POOL

Vladimir Putin afirmou neste domingo que a explosão na ponte de Kerch, que liga a Rússia à península da Crimeia, foi um “acto de terrorismo” levado a cabo pelos serviços secretos ucranianos. O Presidente russo abordou pela primeira vez o incidente que matou três pessoas e fez colapsar parcialmente dois troços daquela importante infra-estrutura, afirmando não ter dúvidas quanto aos responsáveis.

“Não há dúvida. Isto é um acto de terrorismo que visa destruir infra-estruturas civis criticamente importantes da Federação Russa”, disse o líder numa comunicação divulgada no canal de Telegram do Kremlin. “Foi concebido, realizado e encomendado pelos serviços especiais ucranianos”, apontou.

Até ao momento, nenhuma fonte oficial do Governo ucraniano reivindicou formalmente o ataque.

As acusações de Putin foram proferidas durante uma reunião com Alexander Bastrikin, o líder do Comité de Investigação russo, que apresentava as conclusões já tiradas da investigação à explosão que danificou a maior ponte da Europa e a deixou parcialmente inoperacional. No local esteve uma equipa de mergulhadores russos para examinar a extensão dos danos provocados.

O encontro de Vladimir Putin com o líder do Comité de Investigação antecede uma reunião que o Presidente vai ter com o Conselho de Segurança, esta segunda-feira. O encontro com a cúpula responsável pela segurança nacional será o primeiro desde a explosão e pode ser importante para definir os próximos passos da estratégia do Kremlin na guerra na Ucrânia.

Os danos causados na ponte Kerch atingem a Rússia de duas formas distintas. Por um lado, a ponte tem uma grande importância simbólica para o regime de Putin, sendo vista como uma das grandes infra-estruturas erguidas durante a sua liderança – a imprensa de Moscovo diz que a obra, inaugurada em 2018 é “a construção do século”.

Ao mesmo tempo, a ponte desempenha um papel fundamental nas rotas de abastecimento das tropas russas que combatem na Ucrânia, em particular no sul do país, onde as forças de Moscovo tentam conter uma contra-ofensiva ucraniana que continua a recuperar território. Segundo o Exército ucraniano, já foram recuperados perto de 1200 quilómetros quadrados de terra só na região Sul de Kherson.

De acordo com o governador nomeado pela Rússia para a Crimeia (anexada pelos russos em 2014), Serguei Aksionov, apenas automóveis podem circular pela ponte rodoviária de Kerch – autocarros e veículos pesados terão de fazer a travessia do estreito por ferry. A linha férrea, que funciona numa outra ponte paralela do conjunto, já está a funcionar normalmente.

Este domingo ficou também marcado por bombardeamentos russos na cidade de Zaporijjia, perto da central nuclear homónima. Pelo menos 13 pessoas morreram e perto de 90 ficaram feridas na sequência do lançamento de uma dezena de mísseis que “atingiram edifícios residências e infra-estruturas civis”, segundo as Forças Armadas ucranianas.

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