Ucrânia avança oficialmente com pedido de adesão à NATO

O Presidente ucraniano revelou no Telegram que o pedido oficial será feito, afastando negociações. O secretário-geral da NATO afirmou que “todas as democracias do continente europeu” têm direito de “apresentar uma candidatura”, mas “foco imediato é o apoio à Ucrânia”.

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Zelensky assina pedido oficial de adesão à NATO: "Ajudamo-nos e protegemo-nos mutuamente, é isso que a Aliança é" Reuters, Joana Bourgard

O Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, anunciou esta sexta-feira que a Ucrânia avançou oficialmente com um pedido de adesão à NATO. Esta informação foi dada pelo responsável na rede Telegram.

Na declaração que acompanha o anúncio, Zelensky diz que a Ucrânia provou que cumpre “os padrões da NATO”, referindo que é impossível negociar “com este Presidente russo”. “Ele não sabe o que é a dignidade ou a honestidade”, acusa Zelensky. Acrescenta que a Ucrânia e o Ocidente são aliados: “Confiamos uns nos outros, ajudamo-nos e protegemo-nos mutuamente. É isso que a Aliança é.”

O Presidente ucraniano espera que esta seja uma “adesão célere”, relembrando os casos de outros países como a Finlândia e Suécia. “Hoje, aqui em Kiev, no coração do nosso país, damos um passo decisivo para a segurança de toda a comunidade de nações livres. Sabemos que é possível. Vimos a Finlândia e a Suécia iniciarem a adesão à Aliança este ano sem um plano de acção de adesão.”

Este anúncio surge pouco tempo após a comunicação ao mundo de Vladimir Putin: esta sexta-feira, o Presidente russo oficializou a anexação das regiões de Donetsk e de Lugansk, no Leste da Ucrânia, e das regiões ocupadas de Kherson e de Zaporijjia, a sul. Num discurso longo, Putin atacou ferozmente o Ocidente, acusando certos países de se tornarem “vassalos” dos Estados Unidos e prometendo defender a integridade territorial da Rússia com “toda a força”.

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A Rússia anexou formalmente, esta sexta-feira, quatro novas repúblicas, Donetsk, Lugansk, Zaporijjia e Kherson, anunciou Vladimir Putin, num discurso que começou às 15h em Moscovo (13h em Portugal) e durou mais do que meia hora.

Reuters,Joana Gonçalves

Zelensky diz ainda, nas declarações que acompanham este pedido de adesão à NATO, que a Rússia não teria parado de conquistar territórios, se a resistência ucraniana não tivesse sido capaz de o impedir, acusando o país vizinho de querer subjugar várias outras nações europeias e asiáticas.

Desde o início da guerra que se tem falado seriamente de uma possível adesão da Ucrânia à NATO: ainda em Fevereiro, Zelensky pediu aos líderes ocidentais que fossem honestos quanto à possibilidade de adesão, com várias aproximações durante as fases mais críticas da invasão russa.

Esta terça-feira, enquanto decorriam os pretensos referendos que conduziram às anexações anunciadas por Putin, a NATO reafirmou o “apoio inabalável” à Ucrânia, com o secretário-geral da aliança militar, Jens Stoltenberg, a reiterar a ilegalidade das acções russas: “Os referendos fraudulentos realizados pela Rússia não têm legitimidade e são uma violação descarada da lei internacional.”

Stoltenberg diz que NATO tem a porta aberta mas a prioridade é apoiar a Ucrânia a defender-se da agressão da Rússia

O secretário-geral da NATO, Jens Stoltenberg, acaba de lembrar que “todas as democracias do continente europeu têm o direito de apresentar uma candidatura” à adesão à aliança, que mantém uma política de porta aberta à entrada de novos membros. Mas “o nosso foco imediato é o apoio à Ucrânia para se defender da invasão brutal da Rússia”, afirmou, em resposta a uma pergunta sobre a avaliação do pedido de adesão oficializado pelo Presidente Volodimir Zelensky, esta sexta-feira.

O secretário-geral da NATO recordou que, na sua cimeira de Julho, em Madrid, os 30 chefes de Estado e governo da aliança reafirmaram “claramente” que “apoiam o direito da Ucrânia de decidir quais são as organizações a que quer pertencer”. Stoltenberg disse ainda que compete aos membros da NATO decidir, por unanimidade, se aceitam alargar a aliança.

“A NATO não faz parte deste conflito, mas apoia o direito da Ucrânia de se defender legitimamente da agressão da Rússia”, declarou Stoltenberg, reafirmando a unidade e determinação, bem como o “compromisso inabalável” dos aliados, com a “independência, soberania e integridade territorial da Ucrânia” — mais uma vez posta em causa pelo Presidente russo, Vladimir Putin, com a anexação “ilegal e ilegítima” de quatro regiões do país.

“Esta é a maior tentativa de anexação de território europeu pela força desde o fim da Segunda Guerra Mundial. O Presidente Putin reclamou mais 15% da Ucrânia, uma área do tamanho de Portugal”, assinalou. “Os aliados da NATO não reconhecem nenhum deste território como russo”, confirmou.

Para o secretário-geral da NATO, a anexação ilegal do território ucraniano pela Rússia “não altera a natureza do conflito”. “Esta é uma guerra de agressão”, recordou, renovando o apelo ao Presidente russo para cessar as hostilidades e retirar as tropas da Ucrânia. “Se a Rússia parar de combater, haverá paz”, disse.

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