O criador italiano Riccardo Tisci está de saída da direcção criativa da Burberry. Vai ser substituído pelo britânico Daniel Lee, de 36 anos, já a partir de 3 de Outubro, anunciou, em comunicado, a casa de luxo esta quarta-feira. Tisci estava à frente da marca desde 2018.
Os rumores de que o designer italiano estaria de saída da Burberry já circulavam há alguns meses, mas a confirmação desta quarta-feira surge como uma surpresa, três dias depois de Tisci ter apresentado a colecção da próxima Primavera/Verão, em Londres.
Daniel Lee chega da Bottega Veneta, onde esteve entre 2018 e 2021 e será responsável por todas as colecções da mais conceituada casa de moda britânica. A estreia fica marcada para a próxima Semana da Moda de Londres, em Fevereiro de 2023. “O Daniel é um talento excepcional com uma compreensão única do actual consumidor de luxo e um registo comercial de sucesso. A sua nomeação reforça a ambição que temos para a Burberry”, assinalou o director executivo da casa, Jonathan Akeroyd, citado pela revista Vogue.
“Estou muito entusiasmado por trabalhar de perto com ele e estou confiante que terá o impacto de que estamos à espera nesta próxima fase, com o apoio das nossas equipas talentosas e experientes”, acrescentou.
O britânico de 36 anos também já reagiu à notícia, sublinhando o quão está grato pela oportunidade de continuar o legado deixado por Riccardo Tisci e por poder voltar a casa: “Junto com a equipa, vamos escrever o próximo entusiasmante capítulo para esta lendária marca de luxo britânica, continuando a herança histórica e construindo sobre o legado do Riccardo. Estou muito entusiasmado por voltar a Londres, uma cidade que potencia a criatividade pioneira e que me continua a inspirar.”
Lee é uma escolha de peso para a Burberry, graças ao sucesso conquistado na Bottega Veneta — em 2019, venceu quatro galardões nos Prémios de Moda Britânicos, incluindo Designer do Ano e Marca do Ano. O criador havia sucedido ao alemão Tomas Maier, que conduziu os destinos da casa italiana durante 17 anos. Lee modernizou a marca do conglomerado de luxo Kering com peças icónicas que se tornaram objecto de desejo, em especial as carteiras.
A saída de Setembro passado surpreendeu a indústria, ainda que a separação tenha sido anunciada como “de mútuo acordo”. No currículo de Daniel Lee destacam-se, ainda, a passagem pela Céline, onde trabalhou lado a lado com Phoebe Philo, e pela Donna Karan.
A despedida de Tisci
Na segunda-feira, Tisci saiu pela porta grande da Burberry com um desfile recheado de estrelas em Londres, depois de ter sido adiado durante a Semana da Moda, em sinal de respeito pela morte de Isabel II. Para a última colecção, o italiano deixou bem vincada a sua assinatura com as rendas inspiradas na era vitoriana a contrastar com as peças mais descontraídas de streetwear, numa passerelle onde não faltaram as musas da casa, Bella Hadid e a consagrada Naomi Campbell.
“A Burberry é um lugar muito especial com um passado mágico e um futuro promissor. O capitulo que me pediram para escrever na sua longa história é um de que me orgulho muito e um que decidi culminaria com o meu desfile na segunda-feira”, informou o criador, num comunicado partilhado no Instagram.
Sob a liderança de Riccarco Tisci, a histórica Burberry — fundada em 1856 — conseguiu finalmente conquistar fãs entre as novas gerações, afastando-se da imagem estática do icónico padrão xadrez. Foi também durante estes cinco anos, que a casa britânica deixou de utilizar peles de animais, assim como abandonou a controversa prática de queimar os produtos de merchandising que ficavam por vender.
Ainda assim, o designer terá falhado a atingir as metas financeiras almejadas, por culpa não só da pandemia, mas sobretudo do Brexit, que complicou o processo de exportação das colecções. A mudança na direcção executiva, com Marco Gobbetti a ser substituído por Jonathan Akeroyd no ano passado, terá acelerado a saída de Tisci, acreditam os especialistas. Resta saber qual será o destino do criador italiano.