Vacinação preventiva contra varíola-dos-macacos vai avançar em Portugal

Uma actualização da orientação da Direcção-Geral da Saúde coloca em acção uma ambição antiga: a vacinação preventiva contra a varíola-dos-macacos. Mas ainda não está definido quem poderá beneficiar desta opção.

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Reuters/CHRISTINNE MUSCHI

Desde o final de Julho que a hipótese de alargar a vacinação contra a varíola-dos-macacos é pública. Agora, vai mesmo avançar. A confirmação é dada pela própria Direcção-Geral da Saúde (DGS) na orientação actualizada esta quinta-feira para permitir uma vacinação mista: ou seja, preventiva e pós-contacto com um caso suspeito ou confirmado.

Quem é elegível? Ainda não há resposta para esta questão. A DGS garante, para breve, a publicação da norma que delimita quem pode receber vacinação preventiva e como será administrada. Para já, sabe-se que para poder avançar com a vacinação alargada, Portugal vai também definir uma estratégia de vacinação intradérmica – que permitirá um aumento de até cinco vezes mais doses disponíveis.

“Para além disso estão a ser actualizadas as condições de operacionalização/disponibilização e equidade na gestão da reserva limitada de vacinas para a abordagem da vacinação preventiva e respectiva definição dos critérios de elegibilidade, adicionalmente à vacinação pós-exposição”, lê-se na actualização publicada no site da DGS.

A limitação de doses já tinha sido alvo das críticas da DGS no passado, mas a estratégia de “poupança de doses”, em que um frasco permite administrar cinco doses (em vez da actual uma dose), garante um aumento das vacinas disponíveis.

Apesar de possibilitar que haja um aumento das vacinas disponíveis (cinco vezes mais), não existem dados sobre a eficácia da Imvanex (a vacina aprovada na União Europeia e nos Estados Unidos contra a varíola humana e a varíola-dos-macacos) em doses menores.

No final de Julho, a então porta-voz da DGS para a varíola-dos-macacos (monkeypox ou VMPX), Margarida Tavares, dizia que a vacinação preventiva de “pessoas com múltiplos parceiros sexuais, com parceiros novos ou anónimos” deveria avançar futuramente. Dois meses depois das declarações da nova secretária de Estado da Promoção da Saúde, numa nomeação que foi anunciada esta quinta-feira, a nova norma que definirá a população elegível deverá incluir também profissionais do sexo e quem faz profilaxia pré-exposição (PrEP, um comprimido diário ou intermitente eficaz na prevenção da transmissão do VIH).

A inclusão de homens que têm sexo com outros homens também poderá ser uma hipótese, à imagem do que acontece noutros países como a Alemanha ou o Reino Unido. No entanto, não existe qualquer indicação neste sentido.

Portugal recebeu 2700 doses da primeira acção de compra conjunta de vacinas pela Comissão Europeia. No início deste mês foi oficializado mais um contrato para a compra de 170 mil doses de vacinas contra o VMPX – mas ainda não foi descortinada a distribuição da mesma pelos países-membros.

Com quase 60 mil casos confirmados em todo o mundo, a maioria em países onde o vírus não está habitualmente presente, a tendência mantém-se decrescente na Europa – apesar das preocupações com o continente americano.

Portugal mantém a tendência de queda que evidencia desde meados de Agosto, com mais dez casos confirmados ao longo da última semana (908 no total, desde o início do surto). É a terceira semana consecutiva em que há menos de 30 casos de VMPX confirmados em território português, mostrando um ritmo de transmissão muito mais baixo do que nos primeiros meses deste surto, em que Portugal chegou a liderar a lista de países com mais casos confirmados por milhão de habitantes.

Em Portugal, até 12 de Setembro, já tinham sido vacinados 437 contactos de risco. Recorde-se que as doses da vacina contra o VMPX ainda estão destinadas apenas a contactos de pessoas infectadas ou com suspeita de infecção.

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