Juventus e Benfica jogam pelo que “sobra”

Massimiliano Allegri e João Mário foram vozes de italianos e portugueses que reconheceram que o PSG é a equipa mais forte do grupo e deverá ter o apuramento encaminhado. Mas há um lugar a sobrar – e é por ele que se joga nesta quarta-feira, em Turim.

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Jogadores do Benfica treinam no Seixal EPA/MIGUEL A. LOPES

“O PSG é o principal favorito à conquista da competição (…), precisamos de dez pontos para seguir em frente (…), sou prático: a qualificação vai decidir-se frente ao Benfica.” Estas palavras foram de Massimiliano Allegri, treinador da Juventus, que assumiu há duas semanas aquele que é, grosso modo, o pensamento de toda a Europa: que o PSG vai vencer o Grupo H da Liga dos Campeões, que o Maccabi Haifa pouco ou nada poderá fazer a esse respeito e que a vaga restante será para Juventus ou Benfica.

Nesta quarta-feira (20h, Eleven), italianos e portugueses jogam em Turim num dos dois duelos que ditarão, possivelmente, o que se passará neste grupo, caso todos percam com o PSG e todos ganhem ao Maccabi.

Neste “jogo das sobras”, o Benfica parte atrás, pelo natural poderio individual e financeiro da Juventus, mas uma análise colectiva menos crua permite ver que este será, em tese, um duelo de forças equilibradas.

Sistema táctico é incógnita

Para este jogo, a Juventus pode contar com um Benfica em “piloto automático”, tal tem sido a consistência nos resultados, no sistema táctico, no modelo de jogo e nos “onzes” apresentados por Roger Schmidt, enquanto o Benfica pode contar, de forma caricaturada, com uma Juventus… sem piloto.

A equipa italiana tarda em encarrilar e tem apenas duas vitórias em sete jogos disputados em 2022/23 – registo medíocre para uma equipa como a Juventus, que já somou empates com Sampdoria, Fiorentina e Salernitana, todas elas equipas que estão na segunda metade da tabela da Liga italiana.

Mas mais do que os resultados o que tem preocupado é o nível global do futebol da “Juve”, que tem utilizado quase sempre um 4x3x3, mas que já apostou num sistema de três centrais. Roger Schmidt, treinador do Benfica, recordou isso mesmo na antevisão da partida.

“Eles já mudaram de sistema, por vezes devido a lesões. Mas têm capacidade para jogar em diferentes abordagens tácticas – na semana passada, jogaram meia parte num sistema e outra parte noutro”, apontou o técnico, que deixou a porta aberta a surpresas no “onze” do Benfica – algo raro nesta temporada.

Juventus permite remates

Cruzando dados do Who Scored e do Fotmob, podemos ver que é uma equipa que permite quase tantos remates aos adversários (12) como aqueles que faz (13). Depois, das 20 equipas da Liga italiana é, a par do Bolonha, a que menos tempo passa no terço do campo adversário e a terceira que mais joga no seu terço.

Além disso, tem um rácio de golos esperados contra (xG) de quatro para sete, o que significa que sofreu bastante menos do que deveria ter sofrido. “Trocado por miúdos”, este registo diz-nos que é uma equipa que tem permitido muitas oportunidades claras aos adversários e que só o desacerto dos rivais e o nível do seu guarda-redes têm impedido um início de temporada ainda mais fraco.

Mas se estamos a falar da Juventus, o bom senso obriga, no mínimo, à prudência na análise das tendências estatísticas. Apesar de que falar de Chiesa, Pogba, Alex Sandro, Rabiot ou Locatelli seria falar, por estes dias, de gente “no estaleiro”, trata-se, apesar de tudo, da equipa que tem Cuadrado, Bonnuci, Di María, Vlahovic, Paredes ou Kostic.

Entre uma coisa e outra, o balanço diz que dificilmente o Benfica poderia ter melhor momento para parar a Juventus, com o efeito que pelo menos um ponto teria no grupo: Benfica com quatro pontos, Juventus com zero – e foi mesmo essa a retórica de Schmidt, que “pediu” pelo menos um ponto, caso o triunfo não seja possível.

Há, ainda assim, algo a esfriar o entusiasmo. É que o Benfica nunca teve, nesta temporada, um valor de nível tão alto, tal como disse João Mário na antevisão da partida.

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