Standard & Poor’s sobe o rating português
Classificação atribuída a Portugal passa a “BBB+”. Agência impressionada com resistência da economia aos choques trazidos pela guerra na Ucrânia e confiante que o governo maioritário vai executar as reformas previstas no plano de recuperação e resiliência.
Depois de, na semana passada, a DBRS ter elevado o rating atribuído a Portugal para o nível A, agora foi a vez da Standard & Poor’s (S&P), uma das três grandes agências de notação financeira internacionais, elevar a classificação atribuída às finanças públicas do país. O crescimento económico forte recente, os resultados orçamentais obtidos e a reduzida incerteza a nível político são os principais motivos apresentados para a decisão.
A agência de rating anunciou esta sexta-feira ao fim do dia que passou a classificação atribuída à República Portuguesa de “BBB” para “BBB+”, apenas um nível abaixo de A. A decisão foi particularmente surpreendente, porque a agência tinha indicado que a perspectiva para o rating português era “estável”, sendo que as decisões de subida são normalmente antecedidas pelo anúncio de uma perspectiva “positiva”.
Na nota em que explicam a decisão, os analistas da S&P dizem que a subida de rating “reflecte a resiliência da economia portuguesa, das suas finanças públicas e do sector financeiro, detido maioritariamente por estrangeiros, perante vários choques externos, incluindo as consequências da guerra na Ucrânia”.
A agência está confiante no cumprimento dos objectivos orçamentais definidos pelo Governo, nomeadamente um défice de 1,9% este ano e um saldo equilibrado em 2025, graças à combinação de uma “forte arrecadação fiscal” com a “prudência do Governo na despesa”. No que diz respeito ao crescimento económico, a S&P antecipa um abrandamento no final do ano e no arranque de 2023, em linha com o que irá acontecer no resto da Europa, mas mostra confiança que será um choque “relativamente curto”, com uma retoma em 2024 e 2025, já que “o forte investimento financiado pelos fundos europeus irá apoiar o crescimento no médio prazo”.
A agência de rating diz ainda estar a contar com a realização das reformas estruturais que estão associadas ao Plano Recuperação e Resiliência, acreditando que o actual quadro político em Portugal pode favorecer esse cenário.
“Onde antes o partido no poder não conseguia chegar um consenso com a coligação de esquerda, agora a maioria parlamentar irá permitir ao Governo passar reformas sem muitas dificuldades”, afirma a nota, acrescentando que “se espera que o Governo mantenha um total compromisso com a redução dos défices orçamentais e com a implementação das reformas e dos projectos previstos no plano de recuperação financiado por fundos da UE”.
Uma subida do rating atribuído a Portugal por uma das principais agências internacionais tem como consequência um reforço da credibilidade do país junto dos investidores que operam nos mercados de dívida.
Deste modo, no actual cenário de subida de taxas de juro a que se assiste na Europa, esta decisão pode ajudar o Estado português a limitar o agravamento dos juros exigidos pelos investidores para o financiarem através da compra de títulos de dívida pública.
Em 2011, a descida abrupta dos ratings de Portugal foi um dos factores por trás da escalada das taxas de juro da dívida que acabaram por forçar a chamada da troika ao país. Nos últimos anos tem-se vindo a assistir a uma recuperação progressiva dos ratings portugueses, que já saíram do nível “lixo” em todas as agências, e que se aproximam agora do nível “A”.