Substituição de paragens de autocarros da STCP causa desagrado aos portuenses
As paragens de autocarros do Porto estão em processo de substituição. Em algumas zonas do município, as novas paragens estão de costas voltadas para a estrada, o que causou desagrado aos habitantes da cidade. “Não faz sentido estar virada ao contrário”, apontam os portuenses.
Os abrigos das paragens de autocarros da cidade do Porto estão a ser substituídos, numa operação que deverá terminar no início do próximo ano. Em algumas zonas do concelho, as novas paragens já foram instaladas, mas apresentam uma disposição diferente do esperado, o que causou algum descontentamento aos passageiros do município.
Na rua de São Dinis, a paragem de Bica Velha encontra-se de costas voltadas para a estrada, não tendo nenhum vidro nas laterais para protecção dos passageiros. Elírio Pereira, de 74 anos, mora perto da paragem de autocarro e todos os dias espera pelo transporte neste local. Para o portuense, a nova estrutura é “péssima”.
“No Inverno, principalmente, a nova instalação não tem abrigo nenhum. Os anteriores ainda eram mais comprimidos e tinham nas laterais um vidro que protegia mais as pessoas. Desta maneira, vão apanhar com a chuva na mesma”, aponta.
Joaquim Castro, de 72 anos, e a esposa Almerinda Castro, de 69 anos, também são da opinião que a nova posição da paragem “não faz muito sentido”. Para o casal, a estrutura da instalação não é adequada para proteger os passageiros do período das chuvas.
“Nesta paragem, a chuva vai entrar na mesma e atingir as pessoas. Como está agora vai ser muito pior. Para mim, não faz sentido nenhum estar virada ao contrário”, salienta o morador do concelho do Porto. “As antigas eram bem melhores, mais largas. Estas não têm protecção nenhuma”, acrescenta ainda Almerinda.
No Bolhão, na rua Sá da Bandeira, a nova paragem de autocarros também causou algum desagrado aos portuenses. A paragem que está a ser colocada ainda se encontra em fase de intervenção, mas a nova estrutura é igual à da rua de São Dinis.
Maria José, de 55 anos, utiliza esta paragem para se deslocar para o trabalho todos os dias. Maria considera que o novo abrigo que foi colocado “não faz muito sentido”. “Uma pessoa está de costas para a rua e não consegue ver quando o autocarro chega. Também não vai abrigar muito bem, porque dos lados não tem protecção nenhuma”, reitera a habitante do Porto.
Jorge Carvalho, de 70 anos, é da mesma opinião que Maria. A nova instalação “devia estar virada para a estrada para as pessoas verem o autocarro chegar”, refere. “Não faz sentido estar virado daquela forma. Devia estar virado da forma correcta para as pessoas quando estão sentadas também não terem de dar a volta à paragem para apanhar o autocarro”, acrescenta.
Questionada por email pelo PÚBLICO, a Câmara Municipal do Porto (CMP) refere que as novas paragens “surgem em pontos da cidade em que os passeios são tão estreitos, que se concluiu que esta seria a melhor solução para proteger os passageiros da chuva atirada pelos automóveis”.
As paragens de costas voltadas para a estrada têm o objectivo de “dar mais conforto aos utentes das paragens”, assegura a CMP. “A opção de ter abrigos invertidos e abrigos sem laterais permitirá melhorar as condições de espera dos passageiros que anteriormente não usufruíam deste tipo de equipamento”.
A Câmara do Porto salienta ainda que os novos equipamentos, que estejam colocados em locais onde há estabelecimentos comerciais com montras ou habitações com portas e janelas, “não irão comprometer a acessibilidade nem a visibilidade das fachadas” destes edifícios.
A substituição das paragens dos autocarros vão apresentar, segundo a Câmara do Porto, “várias versões”, que podem ser “abrigo com 1,75 m de tecto, com publicidade numa lateral e com vidro na outra; abrigo com tecto mais pequeno; abrigo invertido; abrigo sem publicidade; abrigo sem vidros laterais; abrigo com banco ou apenas com barra de apoio e abrigo com entrada traseira”. Mas a CMP assegura que a instalação de estes equipamentos “vai garantir melhorias significativas ao nível do serviço prestado”, seja ao nível do conforto ou dos acessos às próprias paragens.
Texto editado por Ana Fernandes