Já passaram 25 anos, mas “o mito de Diana” continua bem vivo

A princesa do povo morreu a 31 de Agosto de 1997 num trágico acidente de automóvel em Paris. Tinha 36 anos.

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Em Paris, Diana continua a ser homenageada 25 anos depois EPA/Mohammed Badra
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Manifestações de pesar junto ao Palácio de Buckingham em 1997 Reuters/PAUL HACKETT
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Diana em Angola em 1997 com a Cruz Vermelha Reuters/JUDA NGWENYA
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A estátua do Palácio de Kensington EPA/TOLGA AKMEN
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O casamento dos príncipes de Gales em 1981 Reuters/STR
,família real britânica
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Carlos e Diana em 1992 Reuters/ARTHUR EDWARDS
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Diana com o Papa João Paulo II em 1985 Reuters/ANSA
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A icónica fotografia quando dançou com o actor John Travolta em 1985 Reuters/HO
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Na visita à Nova Zelândia em 1983 ROSS WIGGINS

A limusine acelera pelas ruas de Paris, enquanto tenta escapar aos paparazzi que a perseguem em motos. Lá dentro seguem a princesa Diana, o namorado Dodi al-Fayed e um segurança. Ao volante, o motorista Henri Paul que não tira o pé do acelerador e que, de acordo com a investigação que se seguiu, se encontrava alcoolizado. O final desta história já é conhecido: o automóvel despistou-se no túnel da Ponte de l’Alma, matando o mediático casal e o condutor (o guarda-costas Trevor Rees-Jones sobreviveu com ferimentos graves e sem memória do sucedido)​.

A princesa do povo morreu tragicamente há precisamente 25 anos, a 31 de Agosto de 1997. Mas Diana continua a “ser um verdadeiro mito da actualidade”, lembra Alberto Miranda, jornalista especialista em famílias reais, em conversa com o PÚBLICO. “A imagem que vamos ter de Diana é sempre no seu esplendor, no auge da sua popularidade”, reflecte o autor de As Dez Monarquias da Europa.

Quem morre na flor da idade ─ como o caso da princesa de Gales que tinha apenas 36 anos ─ torna-se quase imortal, acredita o jornalista. “É como aconteceu com Grace Kelly. Nunca iremos ter uma imagem da Diana a envelhecer e isso contribuiu para aumentar o mito à volta da sua figura”, compara.

“A Diana ainda tem impacto, ainda se fazem documentários sobre ela, escrevem-se notícias, as pessoas continuam intrigadas com esta mulher”, assinala, em entrevista à Reuters, o biógrafo Andrew Morton, autor do livro que, em 1992, trouxe a público os problemas no casamento dos príncipes.

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O noivado de Diana e Carlos em 1981 Reuters

Numa entrevista recente ao PÚBLICO, também a cunhada Sarah Ferguson, duquesa de Iorque, teceu rasgados elogios a Diana, de quem continua a falar no presente, como se a princesa nunca tivesse morrido: “Ela simplesmente é diferente, é especial. Não há ninguém como ela”.

O “mito” à volta de Diana recua até Fevereiro de 1981, quando a jovem de 19 anos é apresentada como a noiva de Carlos, o filho mais velho da soberana Isabel II, primeiro na linha de sucessão ao trono britânico. “Toda esta magia da menina que vai viver o conto de fadas encantou os britânicos”, recorda Alberto Miranda. Poucos meses depois, a 29 de Julho desse ano, o mundo parou para assistir ao casamento dos príncipes na Catedral de São Paulo, em Londres.

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Diana com os filhos Reuters

A 21 de Junho de 1982, nasce o primeiro filho de Diana e Carlos, William. O irmão mais novo, Harry, chega dois anos depois, a 15 de Setembro de 1984. “O casamento e o nascimento dos filhos deram palco a Diana. Aí reside a magia das monarquias: as pessoas acompanham o nascimento dos filhos e as tragédias como se fosse a sua própria vida”, destaca o jornalista.

As tragédias na vida de Diana não tardariam a suceder-se. Sabe-se agora que em 1986, o príncipe Carlos reatou a relação com Camila Parker Bowles, uma antiga namorada ─ a mulher que mais tarde assumiria como “o amor da sua vida” e com quem casaria em 2005. Enquanto isso, Diana debatia-se com uma distúrbio alimentar, bulimia, e ainda que continuassem a aparecer juntos em público, viviam vidas separadas.

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A entrevista de 1995 © Pool Photograph/Corbis/Corbis via Getty Images

Os problemas no casamento chegariam ao conhecimento do público graças ao livro de Andrew Morton, que retratava a princesa como uma mulher presa numa relação infeliz e que tinha tentado o suicídio para atrair a atenção do marido. Viria a saber-se que a biografia de 1992 tinha sido escrita com a colaboração de Diana. Em 1995, a princesa dá a polémica entrevista à BBC ─ terá sido a coagida para o fazer ─ onde falou das infidelidades de Carlos: “Havia três neste casamento, era gente a mais”.

Todo o drama à volta da vida de Diana e a perseguição dos tablóides de que era alvo desde os anos 80, só contribuíram para aumentar o fascínio das gentes pela princesa. “A Diana soube catapultar a imagem dela a favor das causas humanitárias. E a forma como o fez chegou ao coração das pessoas”, sublinha Alberto Miranda. “É um dos grandes legados de Diana, a forma como quebrou preconceitos e trouxe temas estruturantes para a agenda mediática”, acrescenta, mencionando o VIH, a lepra ou a homossexualidade.

A trágica morte

Em Agosto de 1996, Carlos e Diana divorciam-se. Um ano depois, a verdadeira tragédia atingiria a família real, quando a princesa morre num acidente de automóvel com o namorado Dodi al-Fayed ─ a investigação viria a determinar que a culpa foi do motorista Henri Paul, pela condução negligente e pelo facto de estar embriagado. Anos mais tarde, uma nova investigação concluiria que não houve qualquer conspiração, como sugeriam os rumores que envolviam membros da família real, incluindo a própria rainha, tendo-se tratado de apenas um “trágico acidente".

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Os príncipes Harry e William tinham 12 e 15 anos, respectivamente, e a imagem de ambos atrás do caixão da mãe marcaria o mundo. Mas foi a forma como a restante família real lidou com a morte de Diana que mais chocou os britânicos. “Foi um dos grandes golpes na popularidade de Isabel II”, considera Alberto Miranda.

É que a rainha demorou até lamentar publicamente a morte da nora e só o fez depois de uma grande pressão por parte do povo e da imprensa. “Isabel II foi educada para não mostrar emoções, nem reagir, mas teve de ceder”, reaviva o jornalista. Os ingleses interpretaram o silêncio inicial da soberana como “um sinal de mal-estar entre ambas”, mas a líder deixou tudo em pratos limpos, assegurando que nutria um grande afecto por Diana.

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LUSA/TOLGA AKMEN

No dia do funeral, quando o caixão com o corpo de princesa passa junto ao Palácio de Buckingham, a monarca faz uma inclinação ─ um gesto pouco comum de ser feito por uma rainha. O primeiro-ministro de então, Tony Blair, lamenta a morte de Diana e apelida-a da “verdadeira princesa do povo” ─ título pelo qual continua a ser informalmente conhecida.

Um legado vivo em William e Harry

William e Harry nunca esconderam o trauma provocado pela prematura morte da mãe e hoje são voz activa pela saúde mental. “Todos os dias desejamos que ela estivesse connosco”, lembrou o duque de Cambridge no ano passado quando os irmãos revelaram uma estátua da mãe nos jardins do palácio de Kensington. Já Harry voltou a sublinhar, na semana passada, o quanto desejava que os filhos tivessem conhecido a mãe.

É um exercício de adivinhação imaginar como seria a vida de Diana hoje, mas Alberto Miranda não tem medo de se aventurar: “Podemos dizer com segurança que seria um mãe protectora e avó carinhosa, uma aliada da família.” A princesa de Gales sempre fomentou a proximidade entre os irmãos, lembra, e esse é um dos motivos por que é tão triste ver William e Harry desavindos nos últimos anos, na sequência do duque de Sussex ter abandonado os deveres reais.

Menos próximos do que provavelmente a mãe gostaria, os filhos de Carlos e Diana continuam empenhados em fazer viver o legado da mãe e nenhum dos dois perdeu a matriz da solidariedade. William apadrinha dezenas de causas como membro activo da família real e Harry além de ter criado os Jogos Invictus, para apoiar veteranos de guerra, também fundou, com a mulher Meghan Markle, a associação de bem-estar infantil Archewell ─ baptizada a partir do nome de Archie, o primeiro filho de ambos.

E qual dos dois é mais parecido com a mãe? O olhar e a expressão de Diana (re)vive em William, analisa Alberto Miranda. Já a rebeldia da princesa do povo fica eternizada no filho mais novo, Harry. Resta saber qual dos netos será mais parecido com a avó.

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