Mais de 900 mortos em cheias “de proporções épicas” no Paquistão

A época das monções começou em Junho e trouxe um desastre humanitário. Terão sido afectadas 33 milhões de pessoas.

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Ruas inundadas em Charsadda, na província de Khyber Pakhtunkhwa ARSHAD ARBAB/EPA
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ARSHAD ARBAB/EPA
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Exército distribuiu comida em Rajanpur, no Punjab FAISAL KAREEM/EPA
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Destruição no zona de Taunsa, no Punjab Reuters/STRINGER
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Várias pessoas procuram pontos altos no distrito de Charsadda, província de Khyber Pakhtunkhwa ARSHAD ARBAB/EPA
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Realojamento de pessoas afectadas pelas cheias na província de Sukkur Sindh EPA/WAQAR HUSSAIN

Monções com chuvas torrenciais, cheias e desabamentos afectaram cerca de 33 milhões de pessoas no Paquistão nas últimas semanas, no que a ministra para as alterações climáticas, Sherry Rehman, classificou como “um desastre devido ao clima de proporções épicas”, segundo a agência Reuters.

Na sexta-feira, o organismo de gestão de catástrofes divulgou que morreram já mais de 900 pessoas nestas cheias desde Junho.

Desde essa altura, quando começou a época das monções, foram danificadas mais de 3000 quilómetros de estradas, 130 pontes e 495 mil casas, segundo a Autoridade Nacional para a Gestão de Catástrofes do país e o Gabinete da ONU para a Coordenação das Questões Humanitárias (OCHA).

O ministro para o Planeamento e Desenvolvimento Ahsan Iqbal disse por outro lado à Reuters que tinham sido afectadas 30 milhões de pessoas – um número que representa cerca de 15% da população do país.

As monções são essenciais para irrigar campos e voltar a encher lagos e barragens, mas trazem normalmente uma onda de destruição, diz o diário britânico The Guardian, citando ainda responsáveis comparando este ano com o de 2010, o pior já registado, quando morreram mais de 2000 pessoas e quase um quinto do país ficou inundado.

“O Sul do Paquistão está debaixo de água… as pessoas estão a ir para sítios altos”, relatou agora a ministra para as alterações climáticas numa mensagem de texto à Reuters. “33 milhões de pessoas foram afectadas de modos diferentes, o número final de sem abrigo ainda está a ser avaliado”, acrescentou.

Um relatório da agência de gestão de catástrofes indica que só de quinta para sexta-feira foram danificados 150 km de estradas e mais de 82 mil casas foram totalmente ou parcialmente danificadas.

A província do Balochistão ficou cortada do resto do país. “Devido a chuva torrencial e inundações, o cabo de fibra óptica e os serviços de dados e voz foram afectados em Quetta e nas outras principais cidades da província”, uma situação sem precedentes.

Esta dificuldade de comunicações junta-se ao isolamento causado pelos cortes de estradas: uma ponte da principal auto-estrada foi destruída pelas cheias e deixou Quetta sem possibilidades de saídas (ou entradas) por estrada, e todas as quatro auto-estradas que ligam o Balochistão com outras províncias estão cortadas.

O Paquistão está, lembra o Guardian, em oitavo lugar no índex global de risco de clima a longo prazo, uma lista da ONG Germanwatch de países mais vulneráveis a fenómenos meteorológicos extremos. Este ano, o país foi afectado por seca e uma onda de calor, com temperaturas a chegar aos 51 graus Celsius em Jacobabad, na província de Sindh.

O Paquistão pediu já ajuda internacional para lidar com o desastre. A reconstrução será um desafio para o país que está a cortar na despesa do Estado para que o Fundo Monetário Internacional aprove a libertação de verbas de um empréstimo. O conselho executivo do FMI reúne-se segunda-feira para decidir se estão cumpridas as condições para a entrega de uma tranche de mil milhões de dólares ao país.

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