Santuário da Senhora da Peneda vai ser revalorizado em nome do turismo religioso e de natureza
Mesmo a tempo da Romaria de Nossa Senhora da Peneda, de 31 de Agosto a 8 de Setembro, Arcos de Valdevez anuncia projecto de cinco milhões de euros. É “um dos monumentos marianos mais notáveis” do país e “aguarda classificação nacional”.
Um investimento de cinco milhões de euros quer valorizar o Santuário de Nossa Senhora da Peneda, em Arcos de Valdevez, em fase de classificação nacional, para potenciar o turismo religioso e de natureza, foi hoje divulgado.
“Queremos relançar o Santuário que é, do ponto de vista artístico, cultural e patrimonial, muito relevante e que nos pode ajudar a alavancar o turismo religioso, cultural e de natureza, dado estar localizado em pleno Parque Nacional da Peneda Gerês (PNPG)”, disse esta quarta-feira à agência Lusa o presidente da Câmara de Arcos de Valdevez.
Contactado pela agência Lusa, a propósito da apresentação do programa da Romaria de Nossa Senhora da Peneda, que vai decorrer entre 31 de Agosto e 8 de Setembro, João Manuel Esteves adiantou que o projecto previsto para o Santuário visa “criar mais condições de atractividade e, com isso, ajudar a fixar pessoas e atrair investimentos, associados à relevância do PNPG à de um conjunto religioso que aguarda classificação nacional”, reforçou.
Datado do século XVIII, o Santuário, situado no lugar da Peneda, freguesia de Gavieira, concelho de Arcos de Valdevez, distrito de Viana do Castelo, é constituído pela igreja que foi terminada em 1875, pelo grande terreiro dos evangelistas e uma escadaria com cerca de 300 metros, sendo que nas suas laterais existem 20 capelas que retratam cenas da vida de Cristo, e ainda os quartéis.
Propriedade da Confraria de Nossa Senhora da Peneda, o templo foi elevado a santuário em Abril 2020, por decreto do então bispo da Diocese de Viana do Castelo, Anacleto Oliveira.
A Diocese justificou o reconhecimento como santuário por se tratar de “um dos monumentos marianos mais notáveis” do distrito de Viana do Castelo e “pela sua antiguidade, dos mais venerados em todo o Alto Minho, estendendo-se o seu prestígio e influência à vizinha região autónoma da Galiza, em Espanha”.
Também em 2020, a Câmara de Arcos de Valdevez e a Confraria de Nossa Senhora da Peneda iniciaram o processo de classificação nacional do Santuário junto do Ministério da Cultura, nomeadamente da Direcção Regional de Cultura do Norte (DRCN) e Direção Geral do Património Cultural (DGPC).
Em Outubro de 2021, a Direcção-Geral do Património Cultural abriu o procedimento de classificação nacional do Santuário de Nossa Senhora da Peneda, considerado um dos grandes santuários marianos do Noroeste Peninsular.
“Esperamos que durante o mês de Setembro seja conhecida a pronúncia do Conselho Nacional de Cultura sobre a classificação”, atirou João Manuel Esteves. O autarca social-democrata acrescentou que o plano de valorização do Santuário “pretende beneficiar toda a área sujeita a classificação como património nacional, definindo todas as tipologias de intervenção, quer nos edifícios, quer no espaço público, e as prioridades do investimento que deverá prolongar-se por cinco a seis anos”.
“O projecto vai ser apresentado às entidades nacionais e regionais, sendo que o objectivo é encontrar parceiros para as intervenções previstas que serão financiadas por fundos comunitários, nacionais e regionais”, referiu João Manuel Esteves.
O regresso da romaria de Nossa Senhora da Peneda
A Romaria de Nossa Senhora da Peneda retoma o formato normal, depois de dois anos de paragem por causa da Covid-19. Serão “nove dias de oração, de festa, de encontro, de ligação entre o passado e o presente, de ligação entre o popular e o erudito, de ligação entre o humano e o divino”.
A festa que começa a 31 de Agosto, “segue a tradição das grandes peregrinações marianas, onde a envolvente paisagística natural, neste caso integrada no PNPG, favorece o desenvolvimento de uma ambiência festiva e de um espírito celebrativo muito próprios, fazendo desta romaria a maior e a mais fascinante de todo o Alto Minho”.
Em “conjunto com a essência religiosa e contemplativa, o visitante encontra de igual modo um notável e fabuloso património arquitectónicos e histórico, colocando o santuário como um ponto de passagem obrigatório e um destino turístico de excepção”.
Em 2021, um investimento de mais de 116 mil euros reconverteu um dos antigos quartéis do santuário em abrigo de montanha. O projecto, que resultou de uma parceria entre aquela autarquia do distrito de Viana do Castelo e a Confraria de Nossa Senhora da Peneda, criou camaratas, espaços destinados a instalações sanitárias e copa”.
O santuário foi dotado com um espaço que permite alojar os romeiros da Peneda, da via Mariana, os turistas e os montanhistas que façam a travessia do PNPG ou escolham o local para prática de escalada e outras actividades de montanha.
O abrigo de montada tem capacidade para alojar 28 pessoas, repartidas por duas camaratas.