O que pedimos a um chiringuito? Neste caso, são as vistas de postal ilustrado, um mojito na mão e a música escolhida por um ex-produtor de música electrónica. Importante estância balnear do século XX, tanto que foi dotada com apeadeiro próprio (Moledo do Minho), a vila de Moledo é ainda procurada pelas estradas pitorescas e pelas vistas sobre o mar, a Ínsua com a sua velha fortaleza, a grande eminência Santa Tecla e a frondosa mata do Camarido. O “postal” completo pode ser contemplado a partir do Vapor, um pequeníssimo bar assente na areia durante três meses por ano — “todos os anos muda a data”, desta vez o fenómeno acontece de 10 de Junho a 12 de Setembro —, um privilégio efémero que vai conquistando cada vez mais adeptos e fidelizando turistas.
Quase não há espaço para mesas e cadeiras nesta casa, uma mistura fina de snack-bar, de garrafeira e da pastelaria, que nunca saiu do seu ADN. Tudo mudou à sua volta. Lá dentro do Snack-bar Garrafeira Serra, nem por isso. Esta irredutível garrafeira poveira — precisamente entre faróis — não se deixa dominar pelo progresso e a sua única alteração nas últimas décadas são camadas sobre camadas de caixas e caixas de vinho. São como camadas do solo que, aos poucos, ano após ano, década atrás de década, vão escondendo a matéria orgânica e enterrando a história. E, claro, basta conjugar com a paisagem deste sítio com um dos mais bonitos nomes de Portugal: Aver-o-Mar.
Em plena costa atlântica, e naquela que é uma das poucas praias onde ainda se pratica a arte xávega, mora um “pedacinho” do Mediterrâneo: Casablanca. A predominância do branco, com apontamentos azuis, pretende transportar-nos para imaginários mediterrâneos. Nada contra o Atlântico que rebenta naquela areia — tanto mais porque gostos não se discutem e há quem prefira banhos de água (bem) fria —, mas a inspiração mediterrânica fica sempre bem quando o assunto é praia e dias passados à beira-mar. No Casablanca Lounge Bar, o convite passa por relaxar, imergir num cenário de tranquilidade e aproveitar o que a praia da Vagueira, em Vagos, tem de melhor. No Verão e fora dele, uma vez que um dos motes da casa passa por estender a estação mais quente do ano muito para além dos seus três meses de duração. Alerta: atenção ao pôr-do-sol e ao brunch.
Aos que costumam frequentar a praia da Barra, em Ílhavo, o nome já dispensa apresentações. Quem chega pela primeira vez também não lhe fica indiferente, em especial pela sua forma circular, pouco usual num bar de praia. Os primeiros conhecem-lhe a história, que já vai com quase 40 anos. Os segundos rendem-se à sua vivência do presente, num calendário que não se fica pelos dias de Verão. Mais do que um bar e restaurante de praia, o Sétimo Beach Club também é uma peça arquitectónica digna de ser apreciada, por dentro e por fora. E acaba de ganhar um irmão, o Offshore, também ele carregado de memórias e estórias à beira-mar.
Sentados no miradouro que é o bar da praia do Almograve é que se percebe bem como este antigo espaço em escadinha, recentemente remodelado, é realmente a recepção e sala de visitas desta tão adorada faixa costeira. A praia principal da terra é um areal de boas dimensões, particularmente longo, protegido por falésias baixinhas, limpas de qualquer urbanização, já que a povoação fica a uns 500m com acesso por estrada com passadiço. À volta não faltam praias maravilha. No Bar da Praia, de manhã à noite, há petiscos da Tasca do Celso e hospitalidade da Herdade do Touril, cocktails, ostras e espumantes, vinhos e pores-do-sol de truz, bem acompanhados de gins que se prometem fazer-lhes justiça.
Comporta não é. É Brejão, é Zambujeira, é o Carvalhal de Odemira e é outra conversa: em vale protegido, a praia é grande e familiar, é um luxo, é histórica. E tem um bar à medida, o Carvalhal Beach Nature. Ergue-se em madeira e sombra, palha e boas vistas à entrada da praia de vastíssimo areal que se abre em vale profundo. Tem mais um “irmão” no meio do areal. Na carta, tostas e petiscos, cocktails e música. É ainda escola de surf (estava temporariamente suspensa quando aqui passámos), costuma ter massagens e ioga, lá mais para a frente assegura espreguiçadeiras e chapéus de sol.
Em Ferragudo, esta praia tem rei e grutas secretas. O nome assenta-lhe como uma luva: não só o Rei das Praias domina o areal (concelho de Lagoa), como promete levar à mesa um banquete de peixe e marisco frescos. Apoio de praia, bar e restaurante de um lado, estreita esplanada do outro, não há como pôr o pé na areia sem lhe passar pelas barbas. Foram os pais de Luís Martinho que abriram o primeiro espaço na praia, em 1976, actualmente, é um dos mais afamados restaurantes de praia da região, especializado em marisco e “peixe da costa algarvia”, que chega diariamente da lota de Sagres, acompanhado de “bom serviço, bons vinhos, boa localização” e preços a condizer.
A praia do Farol, na ria Formosa, é um refúgio “do outro mundo”. Haverá poucos que não concordem. Por aqui, é sítio para marAmais: a decoração muda todos os anos para dar um ambiente um pouco diferente a quem chega à praia na Ilha da Culatra: este ano é inspirada nos barquinhos de papel. O espaço é uma esplanada generosa colada à praia, sombreada por lonas e telheiros de palhinha, com mesas e cadeirões de madeira. Com sessões de música ao vivo todos os dias. Na carta, “muito simples”, as tostas são rainhas, com receitas “um bocadinho diferentes”, como a de chèvre e mel ou a de queijo, banana e canela (até a típica mista traz tomate e orégãos, aponta), mas também há ceviche, tapas ou a “tábua de salvação” com queijos e enchidos. No bar, “os cocktails são uma das imagens de marca”, com sangria, caipirinhas, mojitos e sumos naturais, entre outros.