Um possuído Niño de Elche e la ultima noche de Omara Portuondo em Sines
Nas duas derradeiras noites do regresso do FMM, após a interrupção ditada pela pandemia, o Castelo de Sines emocinou-se com a despedida da diva cubana Omara Portuondo e ficou boquiaberto com a ousada reinvenção do flamenco de Niño de Elche. Fado Bicha, Guiss Guiss Bou Bess e Ladaniva também deixaram a sua marca.
Quando os primeiros sons que se escutaram, e que os olhos ajudados pelo ecrã gigante logo descodificaram, foram os de uma vulgar ventoinha portátil de plástico a rodar sobre as cordas de uma guitarra clássica, até os menos familiarizados com a carreira do cantor Niño de Elche terão desconfiado de que nada de muito conforme à tradição do flamenco se seguiria. Porque se há palavra que se aplica sem hesitação a este criador singular é subversão, no sentido em que açoita qualquer convenção e se coloca em permanência num lugar de risco. E um dos riscos assumidos na sua brilhante passagem pelo Festival Músicas do Mundo (FMM), na passada sexta-feira, foi o de um espectáculo que em nada contemporiza com a regra de que em concertos para massas (e sobretudo perante um público em grande parte desconhecido) se deve jogar pelo seguro.
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