Alguns sinais de alerta antes do primeiro Benfica “a sério”
Este foi o último jogo de pré-temporada antes do início da competição “a sério” – daqui a uma semana há jogo de acesso à Liga dos Campeões frente ao Midtjylland.
O primeiro jogo do “novo Benfica” no Estádio da Luz deu taça. Os “encarnados” apresentaram-se nesta terça-feira aos adeptos na Eusébio Cup e arrebataram o troféu com um triunfo (3-2) frente ao Newcastle.
Gonçalo Ramos, Grimaldo e Henrique Araújo foram os homens dos golos, naquele que foi o último jogo de pré-temporada antes do início da competição “a sério” – daqui a uma semana há jogo de Liga dos Campeões frente ao Midtjylland.
Nesse sentido, a Eusébio Cup acaba por fazer soar os alarmes na equipa de Roger Schmidt. Por um lado, a equipa continua muito capaz de criar lances de perigo, com uma boa reacção à perda de bola e com boa capacidade goleadora. Por outro, mantém-se muito exposta a transições, fruto de uma estratégia ofensiva divertida de ver, mas assente numa postura defensiva quase “suicida”.
“Suicídio”
A primeira parte na Luz foi, pelo que já se sabia do Benfica, aquilo que se esperava que fosse. A equipa “encarnada” tem apostado num comportamento quase “suicida” sem bola, algo que traz vantagens e desvantagens.
Espoleta recuperações de bola em zonas adiantadas, oferece muitos jogadores em situação de criação e finalização e promove, por esses dois factores, muitos lances perto da área adversária.
Por outro lado, expõe a equipa defensivamente, caso o bloco de pressão seja ultrapassado.
E não foram apenas estas as tendências repetidas. Também o sucesso nas bolas paradas foi algo já visto, com o Benfica a marcar aos 15’ num cabeceamento de Gonçalo Ramos após um canto e aos 32’ num livre-directo de Grimaldo.
Quase sempre com Florentino e Enzo a baixarem em simultâneo no momento da construção, o Benfica não teve muitos problemas para conseguir activar os criativos, já que tinha sempre várias linhas de passe em poucos metros – também Morato se destacou, com alguns passes verticais entre linhas.
Depois, aparecia Rafa. A jogar pelo meio, o atacante consegue facilmente criar desequilíbrios pela velocidade, em condução, mais ainda contra adversários tão ousados na pressão – e o Newcastle, nesse parâmetro, foi semelhante ao Benfica.
Foram vários os lances criados pela velocidade de Rafa, ora a definir por si, ora a atrair adversários para depois libertar Neres no um contra um.
O problema não foi, portanto, ofensivo. Sem bola, o Benfica voltou a provar que as referências individuais de pressão já são arriscadas por si mesmas, mas mais ainda quando são feitas tão à frente no campo.
Aos 22’, os “encarnados” tinham seis jogadores na pressão à frente do meio campo – em bom rigor, estavam até à frente do círculo central. Com Neres e João Mário muito abertos e Enzo e Florentino subidos para “abafar” a bola, só uma linha defensiva muito avançada poderia suster a saída dos ingleses.
Como a defesa estava recuada, com muito espaço entre sectores, o Newcastle só precisou de um passe vertical entre linhas para ficar em cinco contra quatro.
Houve condução de Almirón, passe para Trippier à direita e finalização novamente de Almirón, depois do cruzamento atrasado do inglês. E o Newcastle teve tempo para tudo isto porque o Benfica, além de batido, é batido muito à frente, sendo impossível recuperar a tempo.
Já perto do intervalo – e depois de mais um trio de arrancadas de Rafa e um par de lances individuais de Neres –, o Newcastle atacou Grimaldo e João Mário num dois contra dois e, com Morato bastante longe para dar cobertura, Almirón e Trippier voltaram a fazer estragos, com nova finalização do argentino na meia-direita, com um remate em arco.
Jogo “morno”
Para a segunda parte o Benfica não mudou nada e o Newcastle mudou tudo. Com 11 jogadores frescos, os ingleses tomaram conta do jogo, até pela crescente fadiga no Benfica, que fazia os “encarnados” chegarem permanentemente atrasados à zona da bola.
Só para a última meia hora, com sangue novo, o Benfica voltou a subir de rendimento, não necessariamente para dominar o jogo, mas para o equilibrar.
O jogo baixou bastante de intensidade, algo que permitiu à equipa de Schmidt expor-se menos, mas que também a dotou de menor fulgor nas recuperações de bola em zonas adiantadas.
A equipa tinha nada mais, nada menos do que zero remates na segunda parte, algo que poderia justificar-se pelo menor fulgor físico ou pela dúvida sobre se o Benfica já está capaz de ferir os adversários em ataque organizado ou se está, para já, refém do tal bloco alto de pressão.
O Newcastle ficou reduzido a dez jogadores a cerca de dez minutos do final, algo que permitiu ao Benfica jogar com quase toda a equipa no meio-campo ofensivo.
E foi aí que surgiu, finalmente, um remate. E um golo também. Aos 89’, Bah soltou Yaremchuk em profundidade e o ucraniano cruzou rasteiro e atrasado para a finalização de Henrique Araújo.