Ajitama aposta num ramen frio para combater o calor
Restaurante lisboeta criou uma carta estival onde o denominador comum é a frescura.
Em japonês, a expressão Natsu Matsuri significa “festivais de Verão” e o restaurante Ajitama resolveu adoptar as palavras para baptizar o menu para esta estação, um conjunto de pratos frescos e leves que ligam bem com o calor sentido em Lisboa por estes dias.
Há muito que o Ajitama deixou de ser o projecto de dois amigos que descobriram o ramen no Japão. Primeiro foi uma experiência em casa de António Carvalhão que com João Azevedo Ferreira preparavam, ao longo de dias, um jantar para perfeitos desconhecidos, corria então o ano de 2017.
O ramen foi popularizado pelos japoneses, mas trata-se de um prato de origem chinesa, com os noodles como base de uma sopa onde sobressai um ovo cuidadosamente cozinhado e cuja gema é cortada com fio de nylon, para que não fique colada à faca (é a esse ovo que se chama “ajitama").
Dois anos depois, o supper club tornou-se um restaurante que viveu da fama do jantar caseiro e, nos primeiros meses, tinha filas à porta. Então, não se aceitavam reservas. Só abria para jantar.
Depois veio a pandemia e o Ajitama, no centro de Lisboa, sofreu como todos os negócios de restauração. O take-away e a criação de uma esplanada na rua foram as soluções encontradas para fazer face às dificuldades. As portas passaram a estar abertas para o almoço e as reservas são agora uma opção. Ainda assim, actualmente, já não há filas à porta.
Por isso, os sócios procuram alternativas para captar os clientes, como a carta de Verão. As entradas são apenas duas: Cheritomato Wadashi (4,20€), tomate e o caldo dashi caseiro; e Tataki Kyuri (3,50€), uma salada de pepino esmagado com um molho condimentado.
O salgado dos dois pratos pede uma bebida e as sugestões passam por uma soda japonesa (2,50€) cuja garrafa com um berlinde a servir de rolha (e que é empurrado para o seu interior para abrir) lembra o Pirolito, uma bebida gaseificada popular para os que cresceram na década de 1980. Existem vários sabores, o original, morango, melão e lichia. Mas há mais duas opções no menu de Verão: uma mini-pint de sake (4€) e o Shenlon gin, um gin com maracujá, bitter e clara de ovo (8€).
E passamos aos pratos. A escolha recai sobre um Cold Shoyu Ramen (13,20€), um ramen que resulta da combinação do caldo de galinha com caldo dashi, servido com peito de frango marinado e fatiado, negi (cebolo), menma (bambu) e uma rodela de limão e, claro, o famoso ovo. E uns noodles frios, o Hiyashi Chuka (13,90€), envolvidos em toppings frescos como camarão salteado, frango marinado, kinshi tamago (omelete de ovo cortada finamente), pepino, tomate e o ovo ajitama — deste prato há uma versão picante (14,30€) com pimentos vermelhos e cujo molho é feito à base de sementes de sésamo e ra-yu, o picante caseiro japonês.
Para quem as massas e as sopas frias possam parecer estranhas, há uma salada, a Shabu-Shabu Salad (14€), uma mistura de vegetais, com carne cortada finamente, e um molho de sésamo e soja.
O gelado artesanal japonês de wasabi (4,50€) é a única opção para fechar a refeição, mas pode sempre espreitar o menu de sempre. Aliás, este pode e deve ser consultado para revisitar alguns dos sabores que se encontravam em casa de António Carvalhão.
O PÚBLICO jantou a convite do Ajitama