Portugal marchou para o top 10 no arranque dos Mundiais

A experiente Ana Cabecinha foi a melhor representante nacional nos 20km em Eugene, ao terminar a prova no nono lugar, repetindo a prestação de Doha.

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Ana Cabecinha em acção no primeiro terço da prova, no circuito citadino em Eugene Reuters/MIKE SEGAR

Portugal estreou-se nesta sexta-feira nos Campeonatos do Mundo de atletismo, que decorrem em Eugene, Oregon, nos EUA, com uma prestação globalmente modesta, mas com um resultado individual interessante. Com três representantes femininas na distância de 20km, Ana Cabecinha acabou por obter o melhor resultado, com um nono lugar, mas distante do recorde nacional que lhe pertence e da nova campeã mundial, a peruana Kimberly García León.

Na primeira final desta edição dos Mundiais (a segunda, os 20km marcha masculinos, sem representação portuguesa, terminou já de madrugada, tal como a da estafeta 4x100m mista), desde cedo se percebeu que o triunfo seria uma questão a dirimir entre a peruana Kimberly García León, a chinesa Shijie Qieyang e a polaca Katarzyna Zdzieblo. Assim como também foi fácil concluir que Ana Cabecinha seria a portuguesa mais competitiva.

A participar pela sexta vez em Campeonatos do Mundo, a experiente marchadora alentejana, que neste ano tinha como melhor marca 1h31m21s (registada na República Checa, a 2 de Abril), cumpriu os primeiros quilómetros entre o 15.º e o 17.º lugar, para se aproximar posteriormente do top 10 com alguma naturalidade.

Depois de ter sido obrigada a lidar com uma infecção por covid-19 há pouco tempo, Ana Cacebinha apontou, antes da prova, a um lugar na linha do melhor que tem feito. No traçado situado no meio da cidade, perto do Autzen Stadium, a recordista nacional (1h27m46s) passou aos 8km em 35m39s, no 11.º lugar, enquanto a líder, Kimberly García León, fazia 34m46s.

A peruana, de 28 anos, marchava a um ritmo interessante, numa prova veloz, e começou por descolar ligeiramente de Shijie Qieyang aos 15km. Quando se esperava uma resposta pronta da chinesa, a verdade é que não conseguiu acompanhar o ritmo e, já em perda, viria mesmo a ser ultrapassada nos derradeiros quatro quilómetros por Zdzieblo.

Imperturbável, García León foi consolidando a liderança, dando seguimento a uma temporada de grande nível, para terminar em 1h26m59s, com recorde do Peru e com a segunda melhor marca mundial de 2022. Seguiram-se Katarzyna Zdzieblo e, a fechar o pódio, Shijie Qieyang.

Quanto a Ana Cabecinha, que em 2019 tinha terminado os Mundiais de Doha na nona posição, com a marca de 1h36m31s, passou pelo 10.º posto em Eugene, sob uma temperatura média de 20 graus, aos 13km, aos 15km e ainda foi a tempo de ganhar uma posição, para igualar a classificação final de há três anos.

A marchadora do Clube Oriental de Pechão, no Algarve (região à qual tem uma forte ligação desde tenra idade), terminou o percurso em 1h30m29s, a 35 segundos do oitavo posto, que ficou nas mãos da italiana Valentina Trapletti.

Bem mais atrás, num registo diferente, as duas outras portuguesas em prova terminavam no 25.º e no 32.º postos. Carolina Costa e Inês Henriques ainda “coabitaram” durante algum tempo, mas depois a atleta do Sporting descolou (acabou com o registo de 1h36m31s), enquanto a recordista dos 50km marcha ficou de fora das 30 primeiras.

Para a cotada Inês Henriques este foi, de resto, um ensaio para a distância mais longa destes Mundiais (os 35km). E isso foi notório quando acabou mesmo por ser dobrada pela vencedora, surgindo a necessidade de ganhar ritmo como a principal razão para ter optado por entrar em cena já nesta sexta-feira. Terminou com 1h38m32s, mas, mais relevante do que a marca, foi poder sentir o pulso às condições que vai enfrentar.

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