Em Braga, as vendedoras do mercado desfilaram em nome da moda sustentável
A segunda edição da Moda (IN)sustentável quer provar que o estilo não tem de estar associado à fast fashion. Peças reutilizadas e coloridas foram algumas das criações exibidas pelas vendedoras do Mercado de Braga que se tornaram modelos por um dia.
São presença diária nas bancadas de fruta, legumes, peixe ou flores do Mercado de Braga, mas, esta quinta-feira, trocaram a profissão de vendedoras pela de modelos e desfilaram na passerelle com peças de vestuário e acessórios sustentáveis e diferentes.
Na segunda edição da iniciativa Moda (IN)sustentável foram elas as protagonistas: 12 vendedoras do mercado que, por volta das 15h30, já mostravam a qualidade das peças fabricadas em Portugal e no estrangeiro e algumas criações locais como é o caso dos sapatos desenhados pelos estudantes da Licenciatura de Design e Marketing de Moda da Universidade do Minho (UM).
Ainda assim, a grande novidade foi o design inovador das roupas coloridas com um estilo boho que incluiu a reutilização de várias peças como as versáteis calças de ganga, os vestidos, blusas, chapéus, malas e colares, naquela que foi uma colecção dedicada ao Verão. Acima de tudo, trata-se de desconstruir narrativas na moda e apostar sempre na versatilidade das peças.
Algumas são da autoria da designer brasileira Madeleine Müller que procura destacar “a alta-costura da sustentabilidade”, que une o carácter diferenciador à durabilidade, sem esquecer o conforto, explica no comunicado enviado ao PÚBLICO. Mas as marcas não ficaram por aqui, não fosse um dos objectivos deste projecto dar a conhecer novos nomes da indústria como a setubalense Ablesia, a algarvia Kozii ou a Elementum Wetheknot.
Além do desfile e da exposição das roupas, o evento reuniu criadores, activistas e professores para uma tertúlia sobre a indústria da moda, uma das que mais influencia a crise climática e ecológica. Será que é possível comunicar eficazmente uma ideia de sustentabilidade, numa indústria de fast fashion?
A resposta é sim e já está em curso: um dos objectivos para minimizar o problema passa pela redução das emissões de gases com efeito de estufa em 50% até 2030. Ao mesmo tempo, criam-se peças assentes na ideologia slow fashion — alternativa sustentável à moda globalizada e ao consumo excessivo —, sem que para isso seja necessário diminuir o “apetite insaciável” dos consumidores pelas novidades.