Os novos olhos do Irão
Um obsessivo thriller que faz da palavra a sua acção — uma mistura que é a assinatura do realizador, Saeed Roustayi, que aqui entrevistamos —, o esplêndido A Lei de Teerão põe os espectadores portugueses em contacto com os novos olhos do Irão.
A sequência de abertura de A Lei de Teerão, de Saeed Roustayi, uma esgotante perseguição da lei ao tráfico de droga, é daquelas para nos fazer exclamar: “Nunca vimos nada assim no cinema iraniano!”. Ou, variação que pode estar inquinada de algum cinismo: “Parece um filme americano!”. Isto acontece vinte e dois anos depois, aniversário que se celebrará em Setembro, de O Circulo, de Jafar Panahi, que se estreou mundialmente nesse mês no Festival de Veneza, ter mostrado um corrupio de vultos, um jogo de escondidas, de revelação e ocultação, um esvoaçar mais do que uma perseguição, e algo também mais poético do que brutal, desenhando linhas circulares que se estancavam quando o rectângulo de uma janela de cárcere se fechava sobre mulheres em fuga em Teerão. Era o mundo subterrâneo de uma cidade desvendado pelo cinema iraniano. Não tínhamos visto antes nada assim numa cinematografia que lidava com o real de forma ziguezagueante ou elíptica. O que encheu de ansiedade, é essa a memória, a descoberta do filme de Jafar Panahi.
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