Vinho Verde: para beber no Verão… e no resto do ano

Conhecer os Vinhos Verdes pode ser um desafio muito interessante. Para beber em diferentes ocasiões , os Vinhos Verdes têm cada vez mais protagonismo à mesa dos portugueses. Eis a sua história e em que pairings brilham.

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Em princípio, será já do domínio público que o Vinho Verde se bebe bem em qualquer latitude do País e que não perde qualidades quer seja bebido em Melgaço, em Vila Real de Santo António ou em Abrantes. Bom Vinho Verde é bom Vinho Verde em qualquer parte do País e do mundo. De qualquer modo, e para a tranquilidade do leitor, aqui fica o reforço desta ideia: é uma experiência sublime em qualquer ponto de Portugal e do estrangeiro, abaixo ou acima do Mondego.

Já quanto à altura do ano, se é verdade que certos vinhos são imensamente apropriados à canícula pela frescura e pela leveza que apresentam, também não é mentira que o Vinho Verde pode ser muitíssimo adequado a um serão de Inverno passado junto à lareira. Porquê? Porque Vinho Verde não é um perfil, mas antes uma região demarcada na qual se produzem diversos tipos de vinho: maioritária, mas não exclusivamente brancos - também os há rosados e até tintos -, é possível encontrá-los jovens, leves e frescos, com um perfil que podemos considerar clássico; ou intensos, complexos e minerais, sofisticados e ainda com potencial de guarda. O Vinho Verde não é um estilo; o Vinho Verde é um mundo vínico, em muitos casos e para muitos apreciadores de vinho, ainda por explorar.

Uma multiplicidade de castas

A diversidade dos Vinhos Verdes, e as suas múltiplas valências gastronómicas (lá chegaremos), por exemplo, vêm da multiplicidade de castas, terroirs e microclimas que lhe dão origem. Se há traços comuns aos Vinhos Verdes, esses serão os solos graníticos e o tempero atlântico, que lhes conferem mineralidade e, no caso dos brancos jovens, grande frescura.

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Quinta de Azevedo SERGIO FERREIRA

O relevo acidentado será também comum no cultivo das vinhas na região, ainda que nem todas as vinhas se situem nas encostas desniveladas - os vales dos principais rios minhotos permitem diversos tipos de cultura e dão mesmo origem a várias sub-regiões dos Verdes: Lima, Cávado, Ave, Sousa e Paiva são rios em cujos vales e encostas se produzem vinhos específicos, com castas em comum em muitos casos, mas também com diferenças entre si. Aos vales dos cinco rios, acrescem ainda as regiões de Monção e Melgaço - possivelmente, a mais célebre de todas -, Baião, Basto e Amarante.

De entre as castas, as brancas Loureiro e Trajadura são as mais comuns na região, seguidas de Arinto e Avesso. Em Monção e Melgaço encontra-se ainda a famosa Alvarinho, que muito provavelmente terá ajudado a conceber o perfil clássico que muitos apreciadores de vinho se habituaram a considerar Vinho Verde. É uma casta especial e que merece um lugar particular na produção vinícola nacional, mas que não deve ser confundida com toda uma região de vinhos que vai muito além deste perfil específico.

Entre as tintas, Espadeiro e Vinhão são as castas com maior expressão e presença mais notória, mas outras mais raras como Borraçal ou Amaral podem ser encontradas com razoável facilidade, nomeadamente nas sub-regiões interiores de Basto, Amarante e Baião.

Um Vinho Verde para cada prato

Demonstrada a diversidade que existe entre os Vinhos Verdes, fica fácil depreender que existem perfis da região adequados para inúmeros registos gastronómicos, nacionais ou internacionais, mais tradicionais ou mais criativos, em versões revistas, aumentadas, aligeiradas ou condimentadas: para cada prato há um perfil.

Por exemplo, e pegando em primeiro lugar no clássico Vinho Verde - jovem, leve, fresco, de cor citrina -, a sua frescura floral e a presença de fruta fazem dele o par ideal de pratos leves e também frescos, com especiarias subtis - pensemos na leveza de certos pratos orientais. Saladas com melão e camarão, queijo creme, salmão, rolinhos primavera ou sushi, todos eles são boa companhia para um Verde com estas características.

Se pensarmos num branco encorpado e intenso, aromático, de corpo elegante e aromas minerais, já podemos imaginar sabores e aromas mais apimentados para conjugar com ele. Peixes e frutos do mar grelhados casam na perfeição com este perfil. Olhando novamente para Oriente - para as cozinhas chinesa, japonesa ou tailandesa -, não é difícil descobrir que há por lá muito potencial de harmonização com este perfil de vinhos, entre sushis, grelhados e salteados.

Os brancos estruturados e complexos pedem - ou aceitam, dependendo da perspectiva - sabores e aromas mais intensos, com detalhes de especiarias mais requintados. Carnes assadas, costeletas de vitela, lagosta gratinada: estes são só alguns exemplos do que se adequa à companhia deste Verde dourado, cor de palha, com sabor de fruta madura e notas torradas.

Os rosés serão uma boa alternativa aos brancos clássicos, ou até mesmo aos encorpados, uma vez que apresentam características semelhantes, embora façam contrastes diferentes graças à presença de frutos vermelhos. Com aromas jovens e frescos, são ideais para acompanhar pratos de peixe, marisco, carpaccio e cozinha oriental.

Os Verdes tintos são uma escolha muito portuguesa: perfeitos para acompanhar sardinhas assadas ou bacalhau, rojões e carnes vermelhas grelhadas, são o parceiro ideal para encontros em família, confirmando assim que os Vinhos Verdes são óptimos para se beber o ano inteiro - Verão incluído.

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