Ministra da Ciência defende “base de confiança” para combater burocracia

Elvira Fortunato garante que “toda a burocracia associada” à execução de fundos europeus destinados à investigação científica “vai ter que diminuir”.

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Ministra da Ciência e Tecnologia num debate no Hospital de S. João LUSA/RUI MANUEL FARINHA

A ministra da Ciência e Tecnologia defendeu esta segunda-feira que o Governo “tem que trabalhar mais numa base de confiança” para com a comunidade científica para “tentar desburocratizar” o acesso ao financiamento de projectos naquela área.

“O Estado, neste caso o Governo, tem que trabalhar, governar mais numa base de confiança e não de desconfiança, porque por muitas vezes toda esta burocracia que existe, que é imensa, é porque se desconfia”, afirmou Elvira Fortunato, no Porto.

A ministra intervinha numa mesa redonda no Hospital de S. João, dedicada ao tema “63 anos de Medicina e Ciência. Como será o futuro”.

A governante, que considerou que a “máquina administrativa” na Ciência é uma “máquina pesada”, salientou a importância de combater a burocracia naquela área: “Temos que aligeirar isso, não só aos próprios processos administrativos, mas nomeadamente na parte dos projectos científicos, nomeadamente projectos europeus, que são fontes de financiamento que trazem muito dinheiro para Portugal, a execução e toda a burocracia associada a essa execução vai ter que diminuir”, disse, apontando vantagens.

“Eu acho que nós devíamos confiar na comunidade científica, confiar nos investigadores e tentar desburocratizar. Só temos ganhos, porque podemos usar parte do nosso tempo desperdiçado em “paper work” a fazer coisas muito mais interessantes e de valor acrescentado”, referiu.

Ainda sobre o financiamento à Ciência, Elvira Fortunato salientou que “a Ciência evoluiu, a sociedade evoluiu” e que são necessários “outros modelos” para gerir fundos, destacando o papel do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR).

“Portugal nunca teve, nem vai ter nas próximas décadas, tanto dinheiro. Vamos ter agora a possibilidade de ter financiamento como nunca tivemos, nem vamos ter num futuro a médio prazo. Não só o PRR, mas também os fundos do actual programa quadro PT20/30”, enumerou.

Pelo que, defendeu, “não há desculpa hoje em dia relativamente a não ter dinheiro porque vai haver muito dinheiro”. “Vamos ter acesso a financiamento para resolver muitos dos problemas que temos agora. Não será por falta de dinheiro que eles não vão ser solucionados”, reforçou.