Gustavo Petro eleito primeiro Presidente de esquerda na história da Colômbia

Com uma diferença de quase 700 mil votos do seu adversário, Rodolfo Hernández, Gustavo Petro foi eleito o primeiro Presidente de esquerda da Colômbia. Tem já como objectivo atingir a “vanguarda mundial no combate às mudanças climáticas”.

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Gustavo Petro festeja a sua vitória nas eleições presidenciais da Colômbia de 2022 EPA/Mauricio Duenas Castaneda

Gustavo Petro foi eleito no domingo o primeiro Presidente de esquerda na história da Colômbia, obtendo 50,47% dos votos na segunda volta das eleições, de acordo com os resultados oficiais.

O seu adversário, o milionário Rodolfo Hernández, obteve 47,27% dos votos, uma diferença de quase 700 mil votos, indicam os resultados publicados pelo Registo Nacional, responsável pela organização da eleição.

Com 98,86% das mesas de voto fechadas, Gustavo Petro obteve 11.185.671 votos, enquanto Rodolfo Hernández alcançou 10.468.781 votos. A vantagem de Petro sobre Hernández é de cerca de 716 mil votos, mais do que o previsto nas sondagens de intenção de voto, que previram um empate técnico, algumas delas com menos de um ponto percentual de diferença.

Desta forma, Gustavo Petro, um economista de 62 anos, sucederá ao Presidente da Colômbia, Iván Duque, a partir de 7 de Agosto e governará até 2026. Iván Duque já felicitou o vencedor das eleições e anunciou, na rede social Twitter, que nos próximos dias se vai reunir com o novo chefe de Estado eleito para “iniciar uma transição harmoniosa, institucional e transparente”.

O Presidente eleito da Colômbia já propôs que a América Latina se una para dialogar com os Estados Unidos e lançar as bases para uma “transição energética” face aos danos causados pelas mudanças climáticas. O economista, de 62 anos, disse que a prioridade da política diplomática do Governo será que a Colômbia esteja “na vanguarda mundial no combate às mudanças climáticas".

"Proponho ao Governo dos Estados Unidos e a todos os governos das Américas que nos reunamos num diálogo para estabelecer os passos da transição energética, os passos da construção de uma economia descarbonizada, os passos da construção de uma economia da vida em toda a América”, disse Petro, no domingo, no primeiro discurso depois de vencer a segunda volta das eleições.

"A ciência mostrou-nos que, como espécie humana, podemos desaparecer a curto prazo (...), a dinâmica de acumulação de um mercado desenfreada, instintos desenfreados de ganância, um processo de consumo desenfreado estão prestes a terminar com os próprios fundamentos da existência. Nem a esquerda nem a direita nos dizem, é a ciência que nos diz”, salientou.

Petro sublinhou que os Estados Unidos são o país que mais emite gases de efeito de estufa, “absorvidos no Sul”, na Amazónia. “Se são emitidos lá e nós absorvemos aqui, porque não conversamos? Porque não estabelecemos outra forma de nos entendermos?”, questionou.

Também no domingo, o secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, felicitou os colombianos pelas eleições presidenciais “livres e justas”, sem comentar a proposta de Gustavo Petro. “Estamos abertos a trabalhar com o Presidente eleito Petro para fortalecer ainda mais as relações entre os Estados Unidos e a Colômbia e levar as nossas nações a um futuro melhor”, disse Blinken, num comunicado do Departamento de Estado dos EUA.

“A cooperação entre os Estados Unidos e a Colômbia melhorou a saúde pública, a capacidade de subsistência, o Estado de direito e a protecção ambiental nos nossos dois países e em toda a região”, disse o líder da diplomacia norte-americana.