Katie Ledecky de volta aos dias normais

Nadadora norte-americana abriu a sua participação nos Mundiais de Budapeste com uma medalha de ouro nos 400m livres, mas não teve a concorrência de Ariarne Titmus, ausente na capital húngara porque não lhe apeteceu ir.

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Ledecky conquistou o seu 16.º título mundial EPA/Tamas Kovacs

Há atletas de quem não se espera outra coisa que não uma vitória em todos os eventos em que participam. Katie Ledecky está nesse grupo exclusivo de supercampeões, desde os 15 anos a acumular medalhas de ouro e, neste sábado, conseguiu mais uma, ao vencer a final dos 400m livres no primeiro dia dos Mundiais de natação que estão a decorrer em Budapeste. Foi o 16.º título em Mundiais para a norte-americana e, por certo, não será o último na capital húngara – está inscrita nos 800m e 1500m livres, para além de participar na estafeta de 4x200m livres. Mas esta é uma medalha com asterisco: Ledecky não teve a concorrência da única mulher que lhe podia fazer frente, a australiana Ariarne Titmus, recordista mundial, campeã mundial e olímpica da distância. Titmus não foi ao Mundial porque não lhe apeteceu.

Tinha sido contra Titmus que Ledecky sofrera duas raras derrotas nos 400m livres, nos Mundiais de 2019, em Gwangju, e nos Jogos de Tóquio, no último Verão. A caminho destes Mundiais, Ledecky também tinha perdido o recorde mundial para Titmus, que fixou a nova marca 3m56,40s nos “trials” australianos. Mas a australiana anunciou que não iria estar em Budapeste e que nem sequer iria acompanhar a final ao vivo – “devo estar a dormir a essa hora” – e deixou o caminho aberto para a norte-americana dominar com relativa tranquilidade a sua primeira final nestes seus quintos Mundiais.

Não o fez com a melhor das suas marcas, “apenas” com 3m58,15s, quase mais dois segundos que o seu melhor, mas o suficiente para estabelecer um novo recorde dos Mundiais e deixar para trás a jovem canadiana, de apenas 15 anos, Summer McIntosh (prata) e a sua compatriota Leah Smith (bronze). Esta será a prova individual mais curta que Ledecky irá ter em Budapeste, ela que habitualmente também compete nos 200m livres – decidiu ter um calendário menos carregado nestes Mundiais, apesar de ter vencido este evento nas qualificações norte-americanas. Em vez de nadar 6,2km em Budapeste, irá nadar “somente” 5,6km.

Dressel procura feito inédito

O primeiro dia da natação pura em Budapeste também marcou o arranque da colheita de ouro para Caeleb Dressel, que nadou o primeiro percurso na estafeta norte-americana dos 4x100m livres. O quarteto composto por Dressel, Ryan Held, Justin Ress e Brooks Curry ganhou com 3m09,34s, seguido da Austrália (3m10,80s) e da Itália (3m10,95s). O norte-americano está em Budapeste para tentar algo que é inédito: conquistar oito medalhas de ouro num único Mundial. Se o conseguir, irá ultrapassar o seu próprio recorde, obtido em Budapeste 2017 (sete títulos), que partilha com Michael Phelps – também sete títulos em Melbourne 2007.

Nos 4x100m femininos, confirmou-se a supremacia australiana. Mesmo sem alguns dos seus maiores nomes, o quarteto formado por Mollie O’Callaghan, Madison Wilson, Meg Harris e Shayna Jack venceu com 3m30,95s, bem à frente do Canadá (3m32,15s) e dos EUA (3m32,58s), e não muito longe do recorde do mundo estabelecido na final dos Jogos de Tóquio (3m29,69s).

Na final dos 400m estilos, o francês Leon Marchand ficou com o ouro e nadou boa parte da prova em ritmo de recorde do mundo – que é o mais antigo da natação masculina, os 4m03,84s feitos por Michael Phelps nos Jogos de Pequim, em 2008. Fraquejou ligeiramente nos últimos 100m, mas ainda deu para a segunda melhor marca de sempre, 4m04,28s (novo recorde europeu e dos Mundiais), mais 0,44s que o recorde da “Bala de Baltimore”. E não faltará muito tempo até que este francês de apenas 20 anos chegue lá. Em Budapeste, “esmagou” a concorrência, deixando os norte-americanos Carson Foster e Chase Kalisz a dois e três segundos, respectivamente.

A primeira final do primeiro dia dos Mundiais – 400m livres masculinos – era também a mais imprevisível, sem um favorito claro, até porque o seu último grande dominador, o chinês Sun Yang (tetracampeão mundial da distância e recordista olímpico), continua suspenso por doping. Haveria um novo campeão e esse acabou por ser Elijah Winnington, de novo um australiano a vencer este evento depois de Ian Thorpe e Grant Hackett. Depois do enorme fracasso nos Jogos Olímpicos, em que era um dos favoritos (foi sexto na final), Winnington redimiu-se em Budapeste com o quinto melhor tempo de sempre (3m41,22s), seguido do alemão Lukas Martens (3m42,85s) e do brasileiro Guilherme Costa (3m43,31s).

Foi nos 400m livres masculinos que aconteceu a única participação portuguesa no primeiro dia. José Paulo Lopes, atleta do Sp. Braga, nadou nas eliminatórias da manhã, ficando-se pelo 30.º tempo em 43 inscritos – 3m56,59s, bem longe do melhor registo, 3m50,56s feitos em Junho do ano passado, em Barcelona. O nadador bracarense volta a competir em Budapeste nesta segunda-feira, nos 800m livres, prova em que é recordista nacional (7m52,68s). Neste domingo, entra em competição Diana Durães nas eliminatórias dos 1500m livres.

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