Parabéns, queimaram mais uma bruxa
É impossível olhar para o julgamento que opôs Amber Heard e Johnny Depp, bem como a envolvente mediática e as reações nas redes sociais, e considerar que se tratou de aplicação da justiça.
Viram o filme Detroit, de Kathryn Bigelow? Retrata, com crueza, a violência policial de agentes brancos sobre os negros temporariamente instalados no Algiers Motel durante os protestos violentos ocorridos na cidade americana em 1967. Os polícias em causa foram, fora do ecrã, julgados pelo atroz comportamento violento – e, claro, considerados inocentes. Convém lembrar por estes dias: não é novidade o júri de um julgamento carregado de estereótipos decidir para reforçar os estereótipos sem qualquer tentativa de pensamento crítico ou imparcialidade – se é que alguém consegue alguma vez ser totalmente imparcial e despir-se das limitações da sua personalidade, educação e crenças – e independentemente dos factos concretos.
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