Euribor a seis meses já deu o salto para valor positivo, agravando a prestação da casa

Apenas a taxa a três meses se mantém negativa, mas deverá quebrar a barreira de zero dentro de poucas semanas. A 12 meses está já na fasquia dos 0,5%.

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Tiago Lopes

Já se esperava, mas não deixa de ser um marco relevante para quem tem crédito à habitação. A Euribor a seis, a mais utilizada no conjunto dos créditos existentes, atingiu esta segunda-feira um valor positivo, de 0,009%, uma viragem que acontece ao fim de quase sete anos a acumular valor negativo. A consequência directa da progressão desta, e da de três e 12 meses, é a subida gradual das prestações do crédito, num contexto adverso para as famílias, tendo em conta a subida dos preços da generalidade dos bens e serviços.

Recorde-se que a Euribor a seis meses, presente em cerca de 600 mil contratos, chegou a cair para -0,554%, em Dezembro de 2021, seguindo, agora, os passos da Euribor a 12 meses, que está positiva desde Abril. O prazo mais longo daquelas taxas e muito utilizado no crédito à habitação mais recente, já acumula, em apenas dois meses, uma valorização muito perto do meio ponto percentual, fixando-se hoje em 0,521%.

A de três meses, presente em cerca de um terço dos contratos crédito existentes, também tem vindo a subir, tendo já anulado mais de metade do valor máximo negativo registado na recta final do último ano (-0,605%). Esta segunda-feira, o valor fixou-se em 0,314%, e a expectativa do mercado, traduzida pelo preço dos contratos de futuros, é a de que assuma valor positivo até ao fim de Julho.

Não é uma boa notícia, mas a progressão das taxas vai seguramente continuar nos próximos meses, antecipando as próximas decisões de política monetária do Banco Central Europeu, que se prevêem ser de subida das suas taxas já em Julho. Depois de várias declarações da presidente do BCE, Christine Lagarde, e de altos responsáveis do banco central, a dúvida que existe actualmente é se, na reunião do próximo mês, será decidido um aumento de 25 pontos base ou de 50, tendo em conta a escalada da inflação nos países da zona euro.

Os novos valores das Euribor aplicam-se de forma imediata aos novos empréstimos a contratar em Julho e também aos contratos a rever nesse mês, sendo sempre utilizada a média mensal do mês anterior, neste caso, de Junho.

Contudo, os novos valores também chegarão, de forma gradual, a todos os empréstimos associados a estas taxas variáveis, que ascendem a 93,3% dos cerca de 1,45 milhões de contratos existentes em Portugal, agravando as prestações a pagar ao banco. Os empréstimos são revistos a cada três, seis e 12 meses, conforme o prazo da taxa utilizada.

Apenas os empréstimos contratados a taxa fixa não estão sujeitos a qualquer actualização durante o prazo fixado, mas estes representam apenas 1,2% dos contratos existentes no final de 2020, bem longe dos 93,3% associados às taxas Euribor. Os contratos mistos (um período inicial de taxa fixa e depois taxa variável), ascendiam a 5,5% do total.

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