Varíola-dos-macacos: Portugal sobe para 96 casos confirmados, OMS define “risco moderado” para a população

Organização Mundial da Saúde aponta um risco “moderado” de transmissão na população, enquanto a DGS afirma que é “muito baixo”. Portugal regista o maior aumento desde o anúncio dos primeiros casos, com mais 22 pessoas infectadas.

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Portugal é o país com mais casos confirmados por milhão de habitantes DADO RUVIC/Reuters

Portugal confirmou esta segunda-feira que existem 96 casos de varíola-dos-macacos (também conhecida como vírus monkeypox, ou VMPX) no país. O aumento de 22 casos desde a passada sexta-feira é o maior no número de infecções desde o anúncio dos primeiros casos a 18 de Maio. A maioria das pessoas infectadas está na região de Lisboa e Vale do Tejo, mas também há casos no Norte e no Algarve. Portugal é o país com mais casos confirmados por milhão de habitantes em todo o mundo.

Todos os infectados estão estáveis e a receber acompanhamento clínico. A maioria dos casos confirmados tem abaixo de 40 anos, sendo todos homens. Esta não é, no entanto, uma doença exclusiva de homens, sendo que o VMPX tinha, até à data, afectado sobretudo crianças nos países endémicos. Existem também infecções confirmadas em mulheres nos Emirados Árabes Unidos, Espanha, Estados Unidos, República Checa ou Suíça.

É a primeira vez que são registados casos de VMPX fora de países endémicos sem que todos os casos tenham histórico de viagens a esses países ou contacto com animais importados – no caso português, não existe, para já, nenhuma ligação estabelecida com países endémicos.

São mais de 400 casos confirmados em menos de duas semanas. Existem casos em todos os continentes (com excepção da Antárctida), com um predomínio da Europa, que regista a esmagadora maioria dos casos – principalmente Portugal, Espanha e Reino Unido, que em conjunto têm 300 pessoas infectadas.

OMS sobe risco de transmissão

A Organização Mundial da Saúde afirmou este sábado que o VMPX pode constituir um “risco moderado” para a população a nível global, depois de vários casos serem confirmados em países onde a doença não é tipicamente encontrada. “O risco para a saúde pública pode tornar-se alto se este vírus explorar a oportunidade para se estabelecer como um patogénico humano e espalhar-se em grupos com maior risco de desenvolver doença grave, como crianças e pessoas imunodepremidas”, apontou a OMS em comunicado.

A agência mundial adiantou ainda que o aparecimento da doença em vários locais não endémicos em simultâneo sugere que existe transmissão do VMPX há algum tempo, sem ser detectada. A OMS aponta que mais casos vão surgir à medida que aumenta a vigilância e capacidade de detecção, ainda que tal não signifique que estes surtos conduzam a uma pandemia, algo que é “muito improvável”, apontam.

A subida de patamar face à Direcção-Geral da Saúde (DGS) e ao Centro Europeu de Controlo de Doenças é considerável. A DGS desde o início que refere que o risco de transmissão do VMPX para a população é “muito baixo”, mantendo essa posição ao longo destas duas semanas de comunicados. A entidade europeia também colocou o risco como “baixo”, aumentando apenas o potencial risco para pessoas que têm múltiplos parceiros sexuais. A posição de “risco moderado” adoptada pela OMS para toda a população define um novo nível de preocupação.

“A maioria dos casos reportados não tem qualquer ligação a uma região endémica e foram apresentados através dos cuidados de saúde primários ou de serviços de saúde sexual”, avançou a OMS.

Já esta segunda-feira, os Emirados Árabes Unidos registaram mais três casos confirmados. Não foram revelados detalhes sobre as três pessoas infectadas, que se juntam ao caso confirmado de uma mulher anunciado há uma semana. Irlanda e México também comunicaram o primeiro caso confirmado nas suas fronteiras este fim-de-semana.

Este ano, a Nigéria confirmou 21 casos de VMPX desde o início do ano, com uma morte resultante da doença. Seis dos casos foram detectados este mês. O vírus é endémico naquele país africano, bem como noutros países da região da África Central e Ocidental, como os Camarões, a República Centro Africana ou a República Democrática do Congo.

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