Moscovo prolonga ano lectivo em Mariupol para “desucranizar” as crianças

Todas as crianças na cidade passarão o Verão a estudar a língua e a literatura russa, bem como a história do país e matemática, sendo que todas as aulas serão dadas em russo.

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Mariupol ficou em destroços depois de três meses a ser alvo de bombardeamentos Reuters/PAVEL KLIMOV

Moscovo vai prolongar o ano lectivo na cidade de Mariupol até 1 de Setembro com o objectivo de “desucranizar” as crianças, anunciou esta quinta-feira no Telegram Petro Andriushchenko, o conselheiro do autarca da cidade ucraniana que desde o passado dia 20 de Maio está sob controlo russo.

“Os ocupantes anunciaram a extensão do ano lectivo até 1 de Setembro. Não há férias. O seu principal objectivo é ‘desucranizar’ as crianças em idade escolar e prepará-las para o currículo russo que terão no próximo ano lectivo”, disse o conselheiro municipal, citado pela agência Interfax.

Ao longo do Verão, todas as crianças terão de estudar a língua e a literatura russa, bem como a história do país e matemática, continua Andriushchenko. Todas as aulas serão dadas em russo.

“Os ocupantes planeiam abrir nove escolas. No entanto, até agora, só conseguiram encontrar 53 professores - o que significa seis professores por escola”, denuncia ainda, concluindo que tal “é uma boa ilustração da educação russa em Mariupol sob ocupação da Rússia”.

A Rússia tem vindo a impor a sua autoridade política sobre as regiões que actualmente controla na Ucrânia, como algumas províncias de Kherson e de Zaporíjjia, ou Mariupol. Ainda esta quinta-feira foi anunciado, também pelo conselheiro da cidade portuária, que os invasores instalaram cerca de 12 ecrãs de televisão pela cidade para espalhar propaganda russa.

Já em Kherson e em Zaporíjjia, por exemplo, os cidadãos poderão em breve requerer passaportes russos, depois de Vladimir Putin ter assinado, na quarta-feira, o mesmo decreto que vigora nas regiões separatistas de Donetsk e Lugansk.

Após três meses de combates violentos, a última bolsa de resistência em Mariupol caiu, há seis dias, nas mãos russas. Foi o comandante da fábrica Azovstal, que era o último local da cidade a oferecer resistência aos invasores russos, que anunciou a rendição. “O alto comando militar deu ordens para salvar vidas e proteger os homens da nossa guarnição e parar de defender a cidade”, afirmou Denis Prokopenko num vídeo publicado no Telegram.

Os militares estão detidos na autoproclamada República Popular de Donetsk e serão julgados em Mariupol, mas “alguns tribunais intermédios deverão avançar antes do julgamento principal”, noutras cidades, declarou na terça-feira o líder da região de Donetsk, Denis Pushilin, que comparou estes julgamentos aos de Nuremberga, segundo a Europa Press.

Depois de ter estado sitiada desde os primeiros momentos da guerra, a cidade portuária ficou em destroços e as consequências dos ataques russos em Mariupol continuam a ser reveladas: na terça-feira foram encontrados 200 corpos em estado de decomposição num edifício residencial, segundo o conselheiro da autarquia.

Embora já não estejam à frente da cidade, ex-políticos e funcionários de Mariupol, como Petro Andriushchenko, não deixaram de divulgar nas redes sociais o que se está passar.

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