Construir uma carreira: sorte ou causalidade?

Em três anos, consegui oito propostas de emprego e os meus amigos começaram a pedir-me ajuda. Tenho-lhes dito que o networking é uma das maneiras mais simples de conseguir um trabalho.

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Há três anos, quando comecei a procurar emprego, não sabia onde procurar. A minha primeira entrevista foi extremamente desafiante: foram colocadas questões sobre as quais nunca me tinha debruçado, e às quais não sabia responder.

O momento em que recebi o meu primeiro não foi determinante, pois compreendi que a minha carreira apenas dependia de mim. Descompliquei as entrevistas de emprego e reduzi-as a meras conversas. Como num jogo de estratégia, as minhas respostas tinham de consubstanciar motivos que justificassem a minha contratação.

As empresas querem contratar profissionais competentes, mas também procuram gerir riscos. É por isso que indagam, através de várias questões, a motivação dos candidatos: numa altura em que as empresas têm dificuldades em reter colaboradores, tornou-se relevante contratar apenas aqueles que ambicionam colaborar com a empresa, durante muito tempo. Por isso, a par das suas competências, os candidatos têm, também, de garantir que pretendem colaborar nessa empresa, durante muito tempo.

O meu primeiro emprego não correspondeu às minhas expectativas. Desiludida, decidi, poucos meses depois, mudar – como revela este estudo da Michael Page, mais de 50% dos inquiridos da Geração Z consideram “que o tempo máximo que permaneceriam numa função que não é do seu agrado é entre seis meses e um ano”. Queria trabalhar numa área específica, então enviei um email para o sócio do departamento de uma empresa, que me tinha proposto um estágio de Verão (que tinha recusado). Na sequência disso, foi-me proposto um estágio profissional.

Em três anos, consegui oito propostas de emprego e os meus amigos começaram a pedir-me ajuda. Tenho-lhes dito que o networking é uma das maneiras mais simples de conseguir um trabalho. Mas, para isso, é importante que as pessoas não tenham receio de pedir trabalho. Se não dispuserem de uma rede de contactos, podem socorrer-se do LinkedIn. Perguntem a profissionais se existe alguma oportunidade em dada empresa ou anunciem que procuram emprego.

A minha experiência permitiu-me compreender que conseguir um trabalho também depende do quanto nos aplicamos. Por isso, deixo algumas dicas que aprendi:

  • Procura activamente: recorda-te que as vagas surgem todos os dias;
  • Não desistas: receber um não pode ser difícil, mas é necessário encontrar resiliência: aproveita para compreender o que deves mudar, e lembra-te que quando deixas de procurar, deixas de poder encontrar uma oportunidade para mudar para uma situação melhor;
  • Se não conseguiste até agora, não significa que não conseguirás, futuramente: evita pensamentos de “tudo ou nada”. A vaga que anseias pode surgir hoje, por isso não deixes de procurar;
  • Mantém o teu trabalho (a não ser que o odeies): os profissionais que não gostam do seu trabalho, podem querer mudar de carreira. Contudo, é importante que mantenham o seu trabalho (a não ser que o mesmo seja intolerável): o objectivo é ganhar experiência;
  • Hoje em dia não é incomum os profissionais mudarem de carreira;
  • Por fim, nota que tudo o que acontece no mercado de trabalho decorre da acção humana.
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