Casos de sarampo aumentaram 80% em todo o mundo, no início de 2022

Nos dois primeiros meses deste ano, foram reportados cerca de 18 mil casos de sarampo em todo o mundo. A Organização Mundial de Saúde e a Unicef alertam para a possibilidade de um surto global. Em 2020, 23 milhões de crianças não obtiveram as vacinas infantis básicas através dos cuidados de saúde — o número mais elevado desde 2009.

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As campanhas de imunização diminuíram face aos conflitos e à pandemia - agravando os casos de sarampo em todo o mundo Cesar Poveda

Em Janeiro e Fevereiro deste ano, os casos de sarampo aumentaram 80% em todo o mundo. A Organização Mundial de Saúde e a Unicef alertam agora para o risco de propagação da doença e para a possibilidade de desencadear um surto global de sarampo. Nestes dois primeiros meses foram reportados cerca de 18 mil casos de sarampo por todo o mundo, quase o dobro, quando comparado com o mesmo período do ano passado.

“O sarampo é mais do que uma doença perigosa e potencialmente fatal. É um indicador precoce de que existem falhas na nossa cobertura global de imunização, uma falha que as crianças mais vulneráveis não conseguem suportar”, explica Catherine Russel, directora executiva da Unicef em comunicado. No último ano, foram registados 21 surtos de sarampo, com principal incidência no continente africano e na região oriental do Mediterrâneo.

“Estamos particularmente preocupados com os países que estão mais frágeis, onde os sistemas de saúde já estão neste momento em dificuldades, onde ainda estão a tentar lidar com os impactos da covid-19 – e agora com este surto”, refere Christopher Gregory, consultor para a saúde da Unicef.

De acordo com as duas instituições mundiais, apenas uma cobertura igual ou superior a 95% com duas doses da vacina contra o sarampo pode proteger de forma segura e eficaz contra a doença. Na Somália, onde existem 554 casos por cada milhão de pessoas, a taxa de cobertura da primeira dose é de apenas 46%.

A cobertura de vacinação contra o sarampo em Portugal atingiu os 99% em crianças até um ano, de acordo com os dados divulgados pela Direcção-Geral da Saúde.

Até 27 de Março, de acordo com os dados disponibilizados pelo Centro Europeu de Prevenção e Controlo de Doenças, Portugal não registou qualquer caso de sarampo no último ano. Apesar de durante vários anos não ter tido casos, foram registados 34 casos em 2017 e 171 em 2018, em território português. No último relatório disponível do centro europeu, relativo a 2019, Portugal baixou os números para dez casos.

A pandemia e os conflitos em curso, sobretudo na Etiópia, Somália e Afeganistão, diminuíram as campanhas de imunização junto das crianças. Em 2020, 23 milhões de crianças não obtiveram as vacinas infantis básicas através dos cuidados de saúde – o número mais elevado desde 2009.

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