No último mês, 110 mil refugiados por dia saíram da Ucrânia

Portugal concedeu protecção a mais de 22 mil cidadãos. As crianças e os jovens continuam a representar mais de um terço dos pedidos.

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Para se manterem a salvo, ucranianos e residentes na Ucrânia continuam a deixar várias cidades Miguel Manso

Desde o início da guerra e até este fim-de-semana, o Serviço de Estrangeiros e Fronteiras concedeu protecção temporária a 22.706 pedidos de cidadãos ucranianos e estrangeiros que residem na Ucrânia, dos quais 8121 são pedidos para crianças e jovens com menos de 18 anos.

Assim, de acordo com os dados enviados ao PÚBLICO, as crianças e os jovens representam 36% do total de pedidos dirigidos, até ao momento, a Portugal. Não fica, porém, esclarecido se estes títulos de protecção coincidem com o número de pessoas que entraram efectivamente no país, desde 24 de Fevereiro, vindos da Ucrânia.

O número já ultrapassa em grande medida as estimativas iniciais. Em 1 de Março, quando foi aprovada em Conselho de Ministros a resolução que põe em prática a directiva de protecção temporária a todos os cidadãos que fogem da guerra na Ucrânia, a capacidade anunciada pelo Governo para o acolhimento rondava os 1245 refugiados. Mais de três semanas passaram e esses números foram largamente superados.

Nos últimos anos, e com a vaga iniciada em 2015, Portugal já se havia destacado pela proactividade com que se prontificou a acolher refugiados (muitos deles da Síria), quando a Agenda Europeia para as Migrações estabeleceu quotas de cidadãos a serem acolhidos pelos países da União Europeia, apesar da recusa de países como a Polónia ou a Hungria.

Grandes êxodos em poucos meses

De acordo com o ACNUR, são já 3,82 milhões os cidadãos da Ucrânia: foram 110 mil em cada um dos 32 dias desde o início da guerra. Comparativamente, o New York Times lembrou recentemente outros grandes êxodos ocorridos num prazo de menos de um ano em países de vários continentes: a Venezuela, com mais de 2,9 milhões de saídas do país entre 2017 e 2018, mas também o Afeganistão em 1980, com 2,1 milhões de deslocados e refugiados, e ainda os 1,8 milhões de ruandeses que fugiram no ano do genocídio: 1994.

A uma outra escala, valores acima de um milhão de refugiados foram superados na Síria em 2012 e 2013 (1,8 milhões), no Iraque em 2005 (com 1,2 milhões) e no Sul do Sudão, em 2016 (com 1,003 milhões); e quase atingidos na Etiópia, com 944 mil refugiados entre 1979 e 1980, e na Libéria, com 735 mil refugiados, exactamente uma década depois.

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