Empresas já disponibilizaram mais de 13 mil ofertas de emprego para refugiados

O IEFP registou já 13.663 oportunidades de emprego no turismo, construção civil, indústria, transportes, sector social ou no comércio. Turismo diz que refugiados ucranianos podem ajudar a resolver falta de mão-de-obra no sector.

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Uma parte significativa das vagas destina-se ao turismo, à construção e à indústria Rui Gaudêncio

As empresas portuguesas já registaram mais de 13 mil ofertas de trabalho para refugiados ucranianos na plataforma criada pelo Instituto do Emprego e Formação Profissional (IEFP) na semana passada. Uma parte significativa das vagas destina-se ao turismo, à construção e à indústria, sectores que têm assinalado uma crescente falta de mão-de-obra e que vêem aqui uma oportunidade para conseguirem profissionais das mais diversas áreas.

De acordo com o Ministério do Trabalho e da Segurança Social, até às 10h desta segunda-feira havia 13.663 ofertas registadas na plataforma.

Os números mais recentes serão apresentados aos parceiros sociais nesta terça-feira durante a reunião da Comissão Permanente de Concertação Social marcada para avaliar a situação da guerra na Ucrânia. O Governo convocou os representantes das confederações patronais e das centrais sindicais para discutir o impacto do conflito na economia e nas empresas e a eventual necessidade de se tomarem mais medidas.

Olhando para os dados disponíveis no site do IEFP, que podem ser consultados mas ainda não contabilizam todas as ofertas, rapidamente se conclui que a maioria das 8930 vagas carregadas e já acessíveis (já que das 13.663 registadas nem todas estão acessíveis) destinam-se ao turismo, à construção e à indústria. Mas também há ofertas de emprego na área dos transportes, da saúde e acção social, das tecnologias de informação ou do comércio, pedindo-se sobretudo empregados de balcão e de mesa, programadores de software, pedreiros, serralheiros, motoristas ou trabalhadores da agricultura.

A plataforma serve apenas de montra para os cidadãos ucranianos que cheguem a Portugal saberem as oportunidades de emprego disponíveis. Caso se identifiquem refugiados que possam satisfazer a intenção de contratação das empresas, a oferta de emprego deve ser formalizada junto do instituto, para que possa haver acesso aos apoios disponíveis, nomeadamente as medidas “Ativar.pt” e “Compromisso Emprego Sustentável”.

O instituto promete ainda organizar cursos de português para estes cidadãos, mesmo após a sua integração na empresa.

Além destas medidas centralizadas pelo IEFP, algumas associações empresariais têm em curso iniciativas para apoiar a integração de refugiados que vão chegando a Portugal.

É o caso da Associação Empresarial do Minho (AEMinho) que, na semana passada, disponibilizou um portal de apoio aos refugiados ucranianos onde os empresários podem colocar as ofertas de emprego. Nesta segunda-feira, anunciou que foram já disponibilizadas 750 vagas de emprego em áreas ligadas à indústria têxtil, hotelaria, electromecânica, tecnologias de informação, arquitectura e engenharia civil. Estas ofertas serão comunicadas às entidades diplomáticas ucranianas.

Francisco Calheiros, presidente da Confederação do Turismo de Portugal (CTP), considera que a chegada de refugiados da Ucrânia pode ser uma oportunidade para o sector encontrar mão-de-obra disponível e considera que as medidas tomadas pelo Governo – nomeadamente a simplificação no acesso aos documentos e a plataforma com ofertas de emprego – são positivas.

“O turismo debate-se com falta de mão-de-obra e o que fizemos foi contactar os nossos associados para colocarem as ofertas de emprego na plataforma”, destaca em declarações ao PÚBLICO, acrescentando que Portugal já tem uma comunidade ucraniana que demonstrou “grande facilidade em aprender português” e “são óptimos colaboradores”.

“São muito bem-vindos. Pode ser uma boa oportunidade para todos”, frisa.

A falta de mão-de-obra no sector do turismo ficou muito evidente num inquérito feito pela Associação da Hotelaria, Restauração e Similares de Portugal (Ahresp) durante o mês de Fevereiro a 417 empresas representativas do sector.

A Ahresp conclui que das empresas de restauração que tiveram necessidade em contratar novos trabalhadores, 90% tiveram fortes dificuldades em consegui-lo, sobretudo profissionais de cozinha e profissionais de mesa ou balcão. Essas dificuldades também se sentiram no alojamento, com 78% das empresas a afirmarem que tiveram problemas em encontrar trabalhadores para funções de limpeza, cozinha e recepção.

A associação salienta ainda o facto de “52% das empresas da restauração e 28% do alojamento referirem que tiveram de adiar investimentos por terem dificuldades em contratar recursos humanos”.

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