No Zoo de Kiev há quatro mil animais reféns da guerra

Funcionários mantêm-se no local dia e noite para assegurar alimentação e cuidados de saúde. Por causa do barulho das explosões, os animais de maior porte estão a ser sedados.

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Trantin Kirill, director do zoo, a alimentar Khoras, um elefante macho com 17 anos Reuters/GLEB GARANICH

Lá fora, a cidade procura resistir às forças armadas russas. Há explosões por toda a parte, pessoas em fuga ou refugiadas em caves e abrigos. Lá dentro, muitos dos tratadores mantiveram-se nos seus postos, tentando proteger como podem quatro mil animais de 200 espécies. Também no Jardim Zoológico de Kiev a situação é cada vez mais grave. Os funcionários temem que os alimentos se esgotem dentro de dez dias e que, incapazes de reabastecer, depois só lhes reste assistir à morte dos animais.

O Zoo encerrou a 24 de Fevereiro, seguindo as indicações governamentais na sequência da invasão russa, e, desde então, segundo o diário espanhol ABC, permanecem no local 50 pessoas para assegurar os cuidados possíveis aos animais, muitos deles já deslocados para galerias subterrâneas e outros espaços interiores para maior segurança.

Sendo impossível isolá-los do barulho dos combates, alguns dos de maior porte, como os elefantes, têm sido sedados. O stress que lhes causaria o som das explosões, algumas bem perto da zona de Beresteika, onde se localiza o Jardim Zoológico, poderia levá-los a reagir de forma a colocar em perigo a vida de tratadores e de outros animais.

“É quase impossível retirar os animais porque não há como conseguir serviços veterinários e um transporte adequado”, diz o director do Zoo, Kirilo Trantin, na página da instituição na rede social Facebook. “Estão aterrorizados devido aos barulhos fortes, mas os nossos veterinários estão constantemente a monitorar o seu estado.”

Entre os animais que mais os preocupam está Tony, o único gorila da Ucrânia. De acordo com o Zoo, o animal foi transferido para um espaço subterrâneo, mas, vivendo há muito em cativeiro, está já a acusar a falta do contacto com os visitantes.

“Temos água, electricidade e aquecimento. Agora, o importante é que apoiemos quem nos defende. Tomem conta de vocês e da Ucrânia”, diz o director ao despedir-se de todos os que têm procurado ajudar o Jardim Zoológico num dos post publicado nos últimos dias.

A salvo estão já seis leões, seis tigres, dois linces e um mabeco (uma espécie de cão selvagem africano) que viviam num santuário junto ao aeroporto da capital ucraniana. Foram transferidos para Poznan, na Polónia, onde chegaram na quinta-feira, 3 de Março. Deverão ser realojados em breve em instalações adequadas e há já um santuário belga disponível para acolher os seis leões e o mabeco.

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