Ex-militares portugueses respondem ao apelo de Zelensky: “Vamos só lutar pela maior causa – a causa humana”

Grupo de antigos militares que decidiu responder à chamada do Presidente ucraniano conta com comandos e pára-quedistas portugueses. Vão para a Ucrânia para prestar apoio às populações, dispostos a “fazer o que é preciso ser feito”.

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O grupo de ex-combatentes vai partir de Vila Nova de Gaia rumo à Ucrânia Paulo Pimenta

Volodimir Zelensky apelou a todos os que quisessem juntar-se à defesa “da Ucrânia, da Europa e do mundo” e a resposta não tardou: segundo o presidente ucraniano, já há 16 mil a caminho do país “para proteger a liberdade e a vida”. Em Portugal, ex-militares portugueses – e não só – já responderam ao apelo e preparam-se para viajar para a Ucrânia.

O grupo com quem o PÚBLICO esteve em Vila Nova de Gaia prefere manter o anonimato, mas conta com ex-membros dos comandos, dos pára-quedistas e do Exército brasileiro. Vão também acompanhados de um ucraniano. Quem nos fala é um dos comandos, com experiência de campo na República Centro-Africana (RCA), onde integrou a 1.ª Força Nacional Destacada.

São três os que preparam a viagem para a Ucrânia: “Eu, o ex-militar do exército brasileiro e um pára-quedista [português]. Ainda vamos esperar por mais dois camaradas comandos e um vai encontrar-nos na Polónia”, conta, enquanto enchem um monovolume com material para a viagem. Têm todos “entre 25 e 30 anos”, excepto o homem ucraniano, que já está na casa dos 40.

O objectivo da viagem recai sobretudo sobre “apoiar as populações”, começa por dizer o comando. Combater? “Vamos fazer o que é preciso ser feito”, é a resposta, sublinhando depois que tudo acontecerá dentro do enquadramento legal, já tendo o grupo contactado a embaixada da Ucrânia em Portugal.

“Nada de hollywoodesco ou como mercenários, nada disso. Vamos como voluntários apoiar as populações”, refere o ex-militar, que diz estar a responder ao apelo de Volodimir Zelinskii, de quem considera que deve vir a iniciativa para este tipo de mobilização de estrangeiros.

“Isto foi a partir do que disse o Presidente da Ucrânia, que pediu ajuda a toda a gente que quiser colaborar com o que se está a passar, o terrorismo que se está a passar”, diz, recordando o trabalho na RCA. “[Na República Centro-Africana] vimos de perto que as populações precisam de nós. Vamos tentar fazer alguma diferença.”

Apelam ao apoio da comunidade, tanto portuguesa como de outros países, naquilo que for possível. Louvando as doações que têm sido feitas, e que já permitiram carregar cinco camiões com ajuda humanitária a partir do seminário Cristo Rei, em Vila Nova de Gaia, o ex-militar pede também “apoio monetário” para que voluntários como eles possam comprar equipamentos como capacetes ou placas balísticas (coletes).

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Recolha de donativos no seminário de Cristo Rei, em Vila Nova de Gaia Paulo Pimenta

Em Portugal, o comando deixa familiares, mas apressa-se a dizer que “já estão habituados”. A mulher apoia a missão voluntária por se tratar de uma “causa nobre”. “Do meu ponto de vista, isto é um acto de terrorismo enorme e temos de fazer alguma coisa”, diz, sempre sereno.

Seguem como voluntários para se juntarem à legião estrangeira, o conjunto de pessoas de várias nacionalidades que vai ajudar as forças ucranianas no terreno.

Contactada pelo PÚBLICO para perceber se tem conhecimento deste e de outros casos de portugueses que estejam a preparar-se para responder ao apelo de Volodimir Zelinskii, a Embaixada da Ucrânia em Portugal apenas referiu saber que os ucranianos têm recebido “muitos pedidos” de várias nacionalidades para ajudar no combate à invasão russa.

O português sublinha que o principal objectivo do grupo que parte na próxima semana é prestar auxílio às populações na Ucrânia.

“Ninguém é herói, ninguém vai para lá dar o peito às balas, nada disso. Vamos só lutar por aquela que é a maior causa: a causa humana, as famílias, as crianças, as mulheres.”

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