Russos despedidos por assinarem petições contra a guerra na Ucrânia
O Governo de Vladimir Putin intensificou a campanha de censura no país que tem resultado no encerramento de vários órgãos de comunicação social e no despedimento de centenas de pessoas.
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Dezenas de pessoas estão a ser despedidas na Rússia por assinarem petições contra a guerra. Segundo o Moscow Times, há dezenas de petições a denunciar a invasão russa da Ucrânia e a pedir o fim das hostilidades e a lista de signatários está a servir para cessar contratos de trabalho. O mesmo tem vindo a acontecer com quem participa em protestos antiguerra ou mesmo para aqueles que partilham nas redes sociais posições críticas em relação à decisão tomada por Vladimir Putin.
Estas petições, constituídas por cartas abertas de apelo à paz já chegaram a quase todas as esferas profissionais, com grande destaque para as culturais e artísticas. Mas também há economistas, professores, médicos a aderir a esta demonstração de oposição à guerra.
“Eu sabia que se fosse detida num protesto ou se escrevesse algo agressivo nas redes sociais poderia ser despedida. Mas nunca imaginei que isso aconteceria ao assinar uma carta aberta pedindo pela paz”, disse ao jornal russo em língua inglesa Yekaterina Dolinina, uma das que ficou sem emprego. Os chefes aconselharam-na a fazer uma declaração pública a referir que o seu nome tinha sido adicionado à carta aberta por engano ou teriam de tomar a “decisão muito desagradável” de a despedir.
A sua recusa acabou por resultar no desfecho prometido. “Isto é um sinal do novo mundo em que todos estamos a viver agora”, desabafou.
O Governo intensificou a campanha de censura e de repressão no país nesta semana de guerra na Ucrânia. Os meios de comunicação independentes estão ameaçados de bloqueio ou multas se ao conflito chamarem “guerra” ou “invasão”. O órgão de vigilância dos media russo bloqueou os sites de duas importantes emissoras independentes – a estação de rádio Ekho Moskvy (Eco de Moscovo) e o canal de televisão Dozhd – por desrespeitarem essas mesmas regras. Os dois anunciaram ontem o fecho definitivo.
O Moscow Times afirma que teve acesso a várias mensagens de comunicação interna de empresas a pedir aos funcionários que evitem fazer publicações sobre tópicos políticos no Facebook e para não adicionarem quaisquer sinalizadores à sua fotografia de perfil, nomeadamente de apoio à Ucrânia.
O Parlamento russo está a analisar uma lei que poderá tornar a publicação de informações vistas como “falsas” pelo Governo num crime punível com penas de até 15 anos de prisão.