Professora tornou-se o rosto da resistência ucraniana: “Nunca me renderei a Putin, prefiro morrer”

Olena Kurilo foi capa de jornais em todo o mundo e uma das primeiras vítimas civis da guerra russa. “Vou levantar-me e fazer pela Ucrânia tudo o que me for possível”, afirmou após o ataque que destruiu a casa onde vivia.

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Casa de Olena Kurilo foi destruída por ataque do exército russo WOLFGANG SCHWAN/ANADOLU AGENCY VIA GETTY IMAGES

Uma professora ucraniana tornou-se um dos rostos da invasão russa à Ucrânia, iniciada após as ordens de Vladimir Putin na madrugada desta quinta-feira: Olena Kurilo, de 52 anos, fez capas de jornais por todo o mundo, sendo a figura principal nas fotografias que mostravam o impacto dos primeiros ataques russos em solo ucraniano. A casa de Olena foi uma das atingidas pela artilharia, com a professora a sofrer ferimentos no rosto provocados por estilhaços de vidros. Com a cara e roupas ainda ensanguentadas após receber tratamento médico, a ucraniana garante que a vontade de resistir aos ataques russos saiu reforçado.

“A [minha] casa está completamente destruída: não há janelas ou portas…uma até voou para longe [com o impacto], o chão foi completamente arrancado. Sou muito sortuda, devo ter um anjo da guarda muito forte para continuar viva. Vou levantar-me e fazer pela Ucrânia tudo o que me for possível com a energia que tenho. Vou estar sempre ao lado da minha pátria”, garantiu Olena Kurilo à Euronews.

Há mais de um mês que a forte presença militar russa na fronteira com a Ucrânia indiciava que podia estar iminente um ataque ao país vizinho. Esta segunda-feira, Vladimir Putin reconheceu a independência das autoproclamadas repúblicas de Donetsk e de Lugansk, no leste da Ucrânia, pretexto para a invasão do país vizinho. Mesmo com as movimentações das últimas semanas, Olena Kurilo não acreditava que o Presidente Russo daria ordens para invadir a Ucrânia.

“Nunca pensei que isto fosse acontecer durante a minha vida, escrevíamos poemas sobre a guerra. Eu sou professora, estudámos a história, mas nunca pensámos que isto iria acontecer na nossa terra”, lamenta. Citada pelo independente Moscow Times, Olena diz que levará a luta até às últimas consequências: “Nunca, em nenhuma circunstância, me renderei a Putin. Preferia morrer.”

O ataque que destruiu a casa de Olena, um dos primeiros a atingir áreas civis, provocou duas dezenas de feridos. Os dados mais recentes divulgados pelo Presidente ucraniano, Volodimir Zelensky, mostram que 137 ucranianos morreram desde o início da invasão russa. Este número deve continuar a subir nas próximas horas, visto que há combates activos em várias zonas do país.

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Professora foi capa de vários jornais Guardian

Esta sexta-feira, os russos aproximam-se da cidade de Kiev, capital do país. O Presidente ucraniano desafiou Moscovo a dialogar “sobre como parar os combates e travar a invasão”, mas o ministro dos Negócios Estrangeiros russo afirmou que essas negociações só podem começar quando os ucranianos baixarem as armas e se renderem.

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